Um Breve Estudo Sobre a Origem das Igrejas Cristãs
CAPITULO I
A ORIGEM DO APELIDO “CRISTÃO” - QUE SIGNIFICA A PALAVRA “CRISTÃO”
O significado para a palavra cristão hoje é bem diferente do significado usado nas
escrituras. Hoje, qualquer um que segue uma religião denominada “cristã”, acha se
no direito de dizer que é um cristão. Alguns são tão depravados em sua forma de
viver que de maneira nenhuma fazem jus a essa palavra. Outros são tão errados
biblicamente e mesmo assim insistem em achar-se cristãos. E aí está o problema:
O próprio indivíduo achar-se um cristão quando não o é.
A palavra cristão como é usada na bíblia é um apelido. E este apelido referia-se aos
crentes que andavam de uma forma digna. A conduta (dentro da família e da
sociedade), a transformação interior e exterior, sucediam a profissão de fé destes
crentes. Tamanha era a transformação que se tornavam impossíveis de não serem
notados. Então a própria sociedade, testemunhando esta transformação, chamavaos
de “cristãos”. Assim, ser apelidado de cristão seria uma grande honra a qualquer
crente.
É errado, mesmo numa igreja considerada correta, chamar pessoas não
regeneradas de cristãos. Não vemos na Bíblia um só exemplo dos apóstolos
considerarem verdadeiros crentes aqueles que ainda viviam no pecado. Paulo nos
dá um grande exemplo disso em I Co 6,9-11; quando fala que: “Os injustos não
herdarão o reino de Deus”, e numa lista muito ampla dá exemplo do que é ser um
injusto: “Não vos enganeis, nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem
efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem
maldizentes, nem roubadores, herdarão o reino dos céus, e tais fostes alguns de
vós”. Alguns Coríntios foram achados nos pecados mencionados acima. Foram!
Mas o sangue de Jesus lavou-os, santificou-os e os justificou. O pecado era coisa do
passado na vida destes crentes. Achar que se é um cristão por pertencer a uma
igreja denominada de cristã é um grande erro. A maior igreja cristã do mundo tem
um bilhão e duzentos milhões de fiéis. Todos idólatras, ou então não estariam lá.
Herdarão os mesmos o reino dos céus? Se não herdarão os reino dos céus porque
é certo chamá-los de cristãos?
O verdadeiro significado da palavra “cristão” não está tanto neste lindo apelido.
Está na pessoa que aceita Jesus como seu salvador e vive dignamente como um
verdadeiro discípulo do Senhor Jesus Cristo.
A palavra cristão também não é um nome próprio dado por Jesus aos seus
discípulos. Ele jamais chamou um de seus apóstolos ou qualquer outra pessoa de
“cristão”. Ele simplesmente chamava-os de “discípulos” ou “seguidores”.
Esta palavra, no sentido que é usada na Bíblia, é nada mais e nada menos que um
apelido dado aos discípulos ou membros da igreja de Jesus Cristo.
ONDE SURGIU PELA PRIMEIRA VEZ
O apelido “cristão” surgiu pela primeira vez na cidade de Antioquia em referencia
aos discípulos de Cristo naquela cidade (At 11,26). Foram assim chamados pelos
moradores daquela grande metrópole devido ao bom exemplo que davam e por
sempre testemunhar a respeito de Jesus.
Desde então o apelido pegou e suplantou os outros apelidos que eles tinham, como
por exemplo o de “nazarenos”, apelido pelo qual eram conhecidos os discípulos
pelos judeus (At 24,5).O apelido cristão generalizou-se de tal forma que em pouco
tempo todos os membros das igrejas de Cristo foram assim chamados.
Não houve outro que representasse tão bem os discípulos de Cristo até meados do
terceiro século, período no qual houve a necessidade de acrescentar um sobrenome
a este apelido.
Até o século terceiro não havia nenhuma instituição denominacional como temos
hoje. Não havia a Igreja Católica, ou a Igreja Batista, ou a Igreja Anglicana. Havia
apenas a Igreja de Jesus Cristo, e como vimos, seus membros foram apelidados de
cristãos. Jesus, ao instituir sua igreja, nunca chamou-a por um nome como Católica
ou Batista. Chamava-a de “minha igreja” (Mat. 16,18), ou quando muito, colocava o
nome da cidade onde ela se encontrava, “Igreja de Esmirna” (Apoc. 2,8).
O CRESCIMENTO DOS CRISTÃOS PRIMITIVOS
O crescimento dos cristãos foi espantoso. O núcleo formado por Cristo em
Jerusalém se espalhou para a Judéia, Galiléia e Samaria. Não tardou muito e o
evangelho atravessou as fronteiras da Palestina atingindo a Síria, Chipre e toda a
Ásia Menor. Mais algum tempo e toda a costa norte e sul do mediterrâneo possuía
grandes centros de cristãos. Nos lugares mais longínquos não seria tão difícil
encontrar um cristão professando a fé bíblica.
O crescimento inicial foi conseqüência do espírito missionário que havia no coração
dos apóstolos. Esse espírito foi transmitido a primeira geração de convertidos, os
quais, até o segundo século, conseguiram espalhar o evangelho em quase todo o
mundo conhecido. O fator de não ter um local específico para a reunião de cultos
(ainda que havia um lugar especial onde eles se reuniam aos domingos, e a julgar
pelo que diz Paulo era sempre no mesmo local - I Co 11,18 e 20 ), facilitava o
esparramar do evangelho. O costume de prédios par as igrejas favorece no conforto
e na questão denominacional, mas desfavorece no sentido de trazer novas pessoas
a Jesus. A julgar pelas escrituras será preciso as igrejas verdadeiras repensarem o
fator prédio.
AS PERSEGUIÇÕES SOFRIDAS PELOS CRISTÃOS ATÉ 313 D.C.
O crescimento veio acompanhado do ciúmes do judaísmo e das religiões pagãs,
sendo as últimas protegidas pelo império. De princípio o judaísmo perseguiu e fez
vítimas como Estevão e o apóstolo Tiago. Décadas depois o paganismo entrou em
ação, e com o apoio dos imperadores, suas vítimas chegaram aos milhões. Trajano,
imperador entre 98 a 117, decretou um ofício em que o cristianismo em si já
constituía um crime, e todos que nele fossem encontrados deveriam ser julgados e
punidos com a morte. Ofícios como este voltaram a ser decretados por outros
imperadores, e bem como este davam força às religiões pagãs para tentarem
destruir a igreja de Cristo.
Entretanto as igrejas permaneciam de pé e aumentando cada vez mais. Tertuliano,
escreveu certa vez que: ”o sangue dos cristãos era uma semente. Quanto mais
matava mais crescia.”
A perseguição teve seu lado positivo. Muitos por verem que os cristãos sofriam as
atrocidades calados tiveram curiosidade de conhecer o movimento. Ao conhecerem
diversos se convertiam ao Senhor. A perseguição ajudou a fortalecer a fé de muitos
crentes. Ë certo que muitos se desviaram, mas os fiéis se tornaram ainda mais fiéis.
Além do que, foi preciso formar um cânon do Novo Testamento, pelo qual, foi regida
a igreja primitiva e tem sido regidas as verdadeiras igrejas de Jesus até o presente.
Estas igrejas eram na sua maioria igrejas fiéis. Sempre houve as erradas. Desde o
tempo apostólico as heresias entraram e permaneceram em algumas igrejas de
Cristo. Infelizmente as heresias cresceram de tal forma que por causa delas houve
no terceiro século uma grande desfraternização das igrejas cristãs.
CAPITULO II
A GRANDE DESFRATERNIZAÇÃO DAS IGREJAS CRISTÃS
O terceiro século é marcado por um acontecimento muito importante na história das
igrejas de Cristo. Mais exatamente no período que vai desde o ano de 225 até o ano
de 253. Neste tempo houve uma declaração de desfraternização entre as igrejas por
motivos doutrinários e organizacional.
Eram tempos difíceis. Apesar das conversões acontecerem em grande número as
igrejas sofriam externa e internamente. Externa devido as perseguições já
mencionadas. Internamente porque as igrejas estavam sendo corrompidas por dois
erros absurdos totalmente antibíblicos. Um deles chegava ao ponto de substituir a
salvação pela graça. O outro tirava a chefia de Cristo sobre sua própria igreja.
OS DOIS ERROS QUE DIVIDIRIAM AS IGREJAS ENTRE 225 a 253 A.D.
O Batismo Como Meio de Salvação
Desde os primórdios da igreja sempre foi um problema a questão de como o homem
poderia alcançar o céu. O ensinamento de Jesus e posteriormente dos apóstolos
eram unanimes: “Pela graça somos salvos”. O Novo Testamento nunca deixou
dúvidas sobre este assunto. Mesmo nas igrejas primitivas esse foi um problema
sério. O primeiro concílio das igrejas em Jerusalém foi realizado justamente para
resolve-lo. O próprio apóstolo Pedro, vendo que havia contenda sobre o assunto,
deixou claro que: “cremos que seremos salvos pela graça”. Portanto, o ensinamento
bíblico sobre a questão é que o único meio de se chegar ao céu é por Jesus, pela
graça, e, usando como meio de alcançá-la, a nossa fé.
Não contentes com esse princípio, e querendo fazer uma mudança não autorizada
nas escrituras, muitos pastores começaram a ensinar que a salvação não era
apenas pela graça. Implantaram um novo meio de salvação: O batismo. Pensavam:
“A Bíblia tem muito a dizer em relação ao batismo. Muita ênfase é colocada na
ordenança e no dever concernente a ela. Evidentemente ela deve ter algo a ver com
a salvação”. Dessa forma criou corpo a idéia de REGENERACÃO BATISMAL, ou
seja, o indivíduo precisa ser batizado para ir ao céu. Colocou-se a água do batismo
no lugar do sangue de Jesus. Esse erro é pai de um futuro que ainda demoraria a
aparecer: O batismo infantil.
Formação de Uma Hierarquia Temporal
Hierarquia Dentro das Igrejas
Além desse grave erro houve um outro. Foi o surgimento dentro das igrejas de uma
hierarquia temporal. Um erro que fere a autoridade única do Senhor Jesus Cristo
sobre sua igreja. Nenhum dos apóstolos, jamais, em versículo algum do Novo
Testamento, quis a primazia entre os outros na igreja primitiva. Não vemos na Bíblia
homens como Pedro, Paulo, ou qualquer outro apóstolo subjugar seus irmãos na fé,
ou ainda requerer deles uma cega sujeição. Eles se consideram homens comuns,
sujeitos aos desejos da carne e com possibilidade de queda (At l0,15-16; Rom
7,24;).
Mas alguns pastores não entendiam dessa forma. Viam no cristianismo um meio de
alcançar a primazia entre seus semelhantes. Muitos começaram a se desviar do
ensinamento de que todos os membros são iguais dentro da igreja. O pastor
começou a exercer um papel de “chefão”. Alguns historiadores relatam esse erro da
seguinte forma:
O pastor de Hermas ( cerca de 150 A.D.)
‘Mestres dignos não faltam, mas há também tantos falsos profetas, vãos, cúpidos
(desejosos) pelas primeiras sés, para os quais a maior coisa na vida não é a prática
da piedade e da justiça senão a luta para o posto de comando.”
O Historiador Mosheim:
“Os pastores aspiravam agora a maiores graus de poder e autoridade do que
possuíam antes. Não só violavam os direitos do povo como fizeram um arrocho
gradual dos privilégios dos presbíteros...”
Os membros já não eram considerados irmãos, mas súditos do “bispo”.
Comandavam a igreja como se comanda um exército. João cita o exemplo de um
crente chamado Diotrefes. O apóstolo deixa claro que esse homem “buscava a
primazia entre eles”, referindo-se é claro aos irmãos na fé. Diotrefes tornou-se tão
audacioso, que, quando João escrevia para a igreja ele impedia que os irmãos
lessem a carta. Esse é só um simples exemplo do que acontecia já no tempo dos
apóstolos. Pedro ao comentar o assunto diz que o pastor é o servo e não o senhor
da igreja (I Pedro 5,1-4). Aliás, a palavra por ele usada é muito clara: “Não como
tendo domínio sobre a herança de Deus”. O pastor jamais deve ser o chefe da
igreja, mas o servo que irá conduzir o rebanho.
Essa terrível idéia de um bispo monárquico governar os demais pastores teve início
na pessoa de Clemente (95 A.D.), pastor da igreja em Roma. Foi ele o primeiro a
buscar a primazia entre os demais.
Chegou a envolver-se num problema que não lhe pertencia por direito, querendo
mandar numa igreja a qual não pastoreava, que foi a igreja de Corinto. Depois dele
foi Inácio, bispo de Antioquia na Síria, que viveu entre o I século. - II século. Ele
exorta todos os cristãos a obedecerem o bispo monárquico e aos presbíteros (20,2).
Chegou a comparar a obediência ao bispo monárquico com as cordas de uma
harpa. Ele é o primeiro a contrastar o ofício do bispo ao do presbítero e a subordinar
os presbíteros ou anciãos ao bispo monárquico e os membros das igrejas a ambos.
Mas deve-se a Cipriano, bispo de Cartago (morto em 258), que foi um dos principais
autores desta mudança de governo da igreja, pois pugnou pelo poder dos bispos
com mais zelo e veemência do que jamais fora empregada nessa causa.
Como se pode observar não foi uma lei feita do dia para a noite. Foi uma heresia
que aos poucos penetrava dentro das igrejas, a saber, nas igrejas maiores dos
grandes centros.
Hierarquia Entre as Igrejas
Esse erro veio a favorecer a outro de tamanha maldade. Foi o erro de uma igreja ter
autoridade sobre outra igreja. A Bíblia ensina que a igreja deve ser independente ou
seja: a igreja de Antioquia não tinha autoridade sobre a igreja de Éfeso.
A igreja de Éfeso não tinha autoridade sobre a igreja de Laodicéia, e assim por
diante. No livro de apocalipse, quando Cristo conversa com as sete igrejas da Ásia,
ele trata cada uma individualmente. Cada uma tem seu próprio anjo (pastor), e
nenhuma será recompensada ou corrigida pelo erro da sua co-irmã.
Acontece que os pastores de muitas igrejas não viam as coisas como Deus ensinou.
Viam a sua ganância acima da vontade de Deus. Os pastores das grandes igrejas
como a de Roma, Alexandria, Antioquia, e muitas outras, iniciaram um processo de
subjugar as igrejas menores. Eram tempos difíceis. O imperador perseguia a igreja.
Junto com as perseguições vinha a fome. Com isso as igrejas maiores
engrandeciam-se, e numa falsa humildade, ajudavam as menores. Foi assim que
principalmente Roma passou a gozar de uma distinção especial.
Essa ajuda tinha um preço muito alto: A submissão de muitas igrejas menores.
A igreja co-irmã deixava de ser uma igual para tornar-se vassala.
Na luta para ver qual igreja ia ser a maior entre as igrejas erradas, prevaleceu a
igreja de Roma, mas é claro, sem o consentimento dos grandes bispos
monárquicos, iniciando-se assim uma luta interna entre as igrejas heréticas.
Esse assunto será tratado mais cuidadosamente na origem da igreja Católica.
A DIVISÃO DAS IGREJAS TORNA-SE INEVITÁVEL
As Igrejas Erradas Recusam-se a Voltar as Origens
Apesar destes dois erros terem invadido as igrejas de Cristo, houve muitas, senão a
maioria, que não admitiam os tais. Houve tentativas no sentido de trazer as igrejas
desviadas de volta ao verdadeiro costume bíblico. Entretanto o poder político das
igrejas fiéis era quase nada. A maioria destas igrejas eram pequenas congregações,
e seus pastores, homens simples com o único objetivo de fazer a vontade de Deus.
Alguns não eram tão simples assim, como o pastor Montano, que veementemente
pregou em toda a Ásia contra essas heresias (160 d.C.) e Tertuliano (a partir de 202
d.C.) no ocidente. Este último chegou mesmo a desafiar várias vezes os pastores
heréticos, principalmente o de Roma, a voltar a obedecer as escrituras.
As Igrejas Fiéis Resolvem Tomar Uma Atitude
O fato é que as igrejas erradas ou heréticas não voltaram a obedecer a Bíblia.
Pior. Conforme os anos passavam mais erradas elas se tornaram.
O assunto chegou a um ponto que as igrejas certas deixaram de aceitar os membros
vindos das igrejas heréticas. Essa não aceitação, que a luz das escrituras é
recomendada - pois se alguém crê que o batismo salva deixa de acreditar que só
Jesus salva – foi acrescida com o rebatismo dos membros vindos das igrejas
desobedientes. Daí ter surgido o apelido “anabatista” para os seguidores de
Montano e principalmente para as igrejas da Ásia Menor.
A Exclusão das Igrejas Erradas é o Único Caminho
O rebatismo dos membros vindos das igrejas erradas acabou se tornando o objeto
da divisão da cristandade. As igrejas erradas por serem grandes, mais famosas e
politicamente mais aceitas, não aceitaram passivamente a atitude das igrejas que
rebatizavam seus membros. Iniciou-se grandes controvérsias a respeito do assunto.
Realizaram muitos concílios para tentar resolver a situação. Dois deles se deram em
Cartago em 225, um composto de 18 e o outro de 71 pastores, em ambas as
assembléias ficou decidido que o batismo dos heréticos - que pregavam a salvação
pelo batismo e iniciavam o sistema hierárquico católico - não devia ser considerado
como válido. Os historiadores McClintock e Strong comentam como se deu essa
desfraternização: V.I pg 210.
“Na Ásia Menor e na África, onde por muito tempo rugiu amargamente o espírito da
controvérsia, o batismo só foi considerado válido quando administrado na igreja
correta. Tão alto foram as disputas sobre a questão, que dois sínodos se
convocaram para investigá-la. Um em Icônio e outro em Sínada da Frígia, os quais
confirmaram a opinião da invalidade do batismo herético. Da Ásia passou a questão
à África do Norte. Tertuliano concordou com a decisão dos concílios asiáticos em
oposição à prática da igreja Romana. Agripino convocou um concílio em Cartago, o
qual chegou a uma decisão semelhante aos da Ásia. Assim ficou a matéria até
Estevão, bispo de Roma, no ano de 253, provocado pela ambição, que procedeu em
excomungar os bispos da Ásia Menor, Capadócia, Galácia e Cilícia, aplicando-lhes
os epítetos de rebatizadores e anabatistas”.
Fica evidente que entre as igrejas erradas estava a de Roma. Sendo assim ela foi
excluída no ano de 225 juntamente com as outras igrejas heréticas. A atitude do
bispo romano de excluir os pastores da Ásia mostra a que ponto estava sua vontade
de assenhorar-se do rebanho de Deus. Mas sua atitude de nada valeria, pois, um
membro excluído não pode excluir ninguém. Outro historiador, Neander, V.I pg 318,
tem o seguinte relato sobre estes acontecimentos:
“Mas aqui, outra vez foi um bispo romano, Estevão, que instigado pelo espírito de
arrogância eclesiástica, dominação e zelo, sem conhecimento, ligou a este ponto
(salvação pelo batismo), uma importância dominante. Daí, para o fim do ano de 253,
lavrou uma sentença de excomunhão contra os bispos da Ásia Menor, Capadócia,
Galácia e Cilícia, estigmatando-os como anabatistas, um nome, contudo, que eles
podiam afirmar que não mereciam por seus princípios: porque não era o seu desejo
administrar um segundo batismo aqueles que tinham sido batizados, mas
disputavam que o prévio batismo dado por hereges não podia ser reconhecido como
verdadeiro. Isto induziu Cipriano, o bispo a propor o ponto para a discussão em dois
sínodos reunidos em Cartago em 225 A.D. um composto de 18, outro de 71
pastores, ambas as assembléias declarando-se a favor das idéias de que o batismo
de heréticos não devia ser considerado como válido”.
Num resumo simples destes dois relatos verifica-se que, no ano de 225 A.D., as
igrejas reúnem-se em concílios e decide a exclusão das igrejas que administravam o
batismo como forma de salvação, que eram, justamente, as igrejas que admitiam um
bispo monárquico sobre as igrejas. Entre as igrejas erradas estão as de Roma,
Antioquia, Cartago e muitas outras. Entre as igrejas fiéis estão uma muito conhecida
pelos estudantes da Bíblia, a igreja de Éfeso.
O RESULTADO DA DESFRATERNIZAÇÃO DOS CRISTÃOS
A partir desta data, 253 d.C. as igrejas de Cristo se dividiram em dois grandes
blocos. Os anabatistas, assim chamados por não aceitarem o batismo das igrejas
erradas, e os católicos, nome dado as igrejas heréticas desde o ano de l70 por
Inácio, pastor de Antioquia. O futuro destes dois grupos deu razão aos fiéis o fato de
terem excluído os demais. Com o passar do tempo as igrejas erradas, como
veremos, multiplicou ainda mais suas heresias. Enquanto isso, vivendo conforme as
escrituras, os cristãos anabatistas lutavam para sobreviver e manter de pé as
chamas do evangelho.
CAPITULO III
A ORIGEM DOS “ANABATISTAS”
Como vimos no final do capítulo dois, com a desfraternização dos cristãos entre os
anos de 225 a 253 A.D., surgiu dois grandes blocos de cristãos. O bloco dos
anabatistas e o bloco das igrejas erradas. Neste capítulo trataremos especificamente
com o futuro que tomou as igrejas fiéis cognominadas de “anabatistas”.
QUEM FORAM OS ANABATISTAS?
Nos livros de história e em muitas enciclopédias encontraremos algumas notas
sobre quem foram os anabatistas. Em alguns livros são chamados de “dissidentes”,
e em outros de “seita de heréticos”. Há escritores que não querendo se
comprometer com sua maioria de leitores católicos ou protestantes, chama-os de
“fanáticos religiosos”.
Observando estas poucas entre muitas referencias erradas sobre eles, podemos
analisar cuidadosamente. Eram dissidentes? Não. Dissidente é uma pessoa que se
separa de outro por algum motivo. Eles não se separaram de ninguém. Apenas não
concordavam com heresias dentro da igreja. Se uma igreja tem 20 membros.
Quinze resolve mudar a fé. Cinco permanecem fiéis. Quem dissidiu? Os quinze que
estão no erro ou os cinco que permaneceram fiéis? É evidente que dissidente é
aquele que saiu daquilo que está certo e firmado.
Chamá-los de um ajuntamento de heréticos é o mesmo que chamar os apóstolos de
heréticos. Não foram os anabatistas que mudaram de fé. Nunca foi a intenção de um
anabatista mudar aquilo que Deus ordenou. Heréticos foram os pastores e membros
das igrejas erradas, os mesmos que posteriormente foram conhecidos como
católicos. Os anabatistas não eram uma facção de cristãos. Eles eram os
verdadeiros cristãos. Portanto, seita foi a igreja - Católica - que surgiu tendo como
membros indivíduos e pastores excluídos por motivos biblicamente corretos.
Também não eram fanáticos religiosos. Seguir a Cristo como manda as escrituras
não é ser fanático, é ser discípulo verdadeiro. Discordar de heresias não é
fanatismo, é zelo pela palavra de Deus. Seria os apóstolos fanáticos? Zaqueu foi um
fanático por querer fazer a vontade de Deus? Paulo foi um fanático quando
condenou a idolatria? Pedro foi um fanático quando discordou da salvação pelas
obras? De forma alguma. A maior prova de que os anabatistas não eram fanáticos
está no exemplo dos primeiros cristãos mencionados no livro de Atos.
Podemos afirmar com certeza que os anabatistas foram os verdadeiros seguidores
de Jesus entre os anos de 225 até os anos de 1600.
Homens que amavam servir a Cristo. Eram cristãos que não concordavam com o
erro grotesco de ver pessoas acreditando que o batismo ajudava na salvação;
Cristãos que não aceitavam em ver um bispo monárquico querendo mandar no
rebanho de Deus. Igrejas que tiveram a coragem de excluir do meio cristão original
as igrejas heréticas. Foram eles os autênticos sucessores dos apóstolos na
obediência a Jesus e a sua Palavra.
O QUE SIGNIFICA ESTE APELIDO?
O próprio título confessa que o sobrenome dado aos cristãos fiéis - anabatistas - é
um apelido, e tem tudo a ver com o propósito para o qual ele foi dado. Anabatistas é
uma palavra grega que significa “batizar outra vez”. O prefixo “ana” quer dizer outra
vez, e a raiz “batista” significa mergulhar ou batizar nas águas. Assim, quando uma
igreja era chamada de anabatista por outra, significava que ela batizava outra vez os
membros vindos das igrejas erradas.
ONDE E QUANDO SURGIU ESTE APELIDO?
Este apelido foi usado pela primeira vez na Ásia Menor para distinguir nesta região
as igrejas fiéis das erradas. O local mais aceito como sua origem é na Frígia, local
de onde saiu o pastor Montano para pregar contra os dois erros mencionados no
segundo capítulo, os quais, corrompiam as igrejas cristãs. Montano foi um pastor
muito itinerante, e por isso sua mensagem se esparramou por toda Ásia Menor,
fazendo que as igrejas dessa região permanecessem fiéis a doutrina recebida pelos
apóstolos. Montano viveu cerca de 156 A.D.
Foi justamente nessa época que as igrejas da Ásia Menor resolveram rebatizar
membros vindos de igrejas erradas. Então pela primeira vez uma igreja foi
conhecida como “anabatista”.
Oficialmente ele é usado em 253 A.D., pelo bispo romano Estevão que, indignado
com o fato de ver sua igreja excluída pelas igrejas da Ásia, resolveu chamá-las de
“anabatistas”. O fato é que depois do bispo romano ter se manifestado, todas as
igrejas que não concordavam com a idéia de Salvação através do batismo e da
necessidade de um bispo monárquico, foram conhecidas como anabatistas.
O POR QUE DESTE APELIDO
Talvez o leitor esteja confuso e pergunte o por que dos cristãos ter a necessidade de
receberem outro apelido além de cristão.
Um crente fiel ao Senhor tem muito amor aos ensinos da Bíblia. Jesus ao enviar a
grande comissão dá três ordens: Fazer discípulos; batizar; e ensinar as coisas que
ele ordenou; Então, uma igreja fiel irá: pregar, batizar e ensinar o que ele ordenou.
Note que ele diz: “vos tenho ordenado”. Ordem é ordem. Mandamentos são
mandamentos. A igreja não pode fazer aquilo que não lhe foi ordenado, mas
somente o que Jesus mandou. Por isso as igrejas fiéis não podiam e nem podem se
submeter a erros heréticos como mudar o plano de salvação e a chefia da igreja!
A exclusão das igrejas erradas em 225 A.D. pelas igrejas fiéis foi uma atitude
necessária para a conservação do evangelho puro e original. Assim como um
membro profano deve ser excluído do seio da igreja, da mesma forma uma igreja
profana deve ser excluída da comunhão com as outras igrejas fiéis.
O próprio Senhor Jesus nos ensina no livro de Apocalipse que o simples fato de uma
igreja não ser fria nem quente é motivo de ser “vomitada”. Queiram os ecumênicos
ou não, já no segundo século havia dois tipos de cristãos: os fiéis ao evangelho e os
infiéis. Os infiéis, excluídos em 225, já não tinham mais o direito de batizar, ao
menos que se reconciliassem. Como isso não aconteceu perderam totalmente a
ordem do batismo. Aceitar o batismo de uma igreja excluída é o mesmo que aceitar
que um crente excluído saia por aí batizando todo mundo.
Conclui-se que o rebatismo de membros vindos de uma igreja excluída é algo
necessário, pois quem não recebe o batismo de uma igreja biblicamente aceita, não
recebeu o batismo cristão.
Portanto, o apelido anabatista, só apareceu porque as igrejas erradas não quiseram
arrepender-se de seus erros. Além do que, não se chamaram assim, mas foram
pelas igrejas erradas assim chamados. O fato dos anabatistas não terem repudiado
o apelido significa que o mesmo estava de acordo com uma realidade da época, ou
seja, precisava ter rebatizadores para enfrentar as heresias das igrejas erradas.
CAPITULO IV
AS PERSEGUIÇÕES CONTRA OS ANABATISTAS
Como vimos nos capítulos anteriores, as igrejas fiéis, a partir do ano de 253.A.D.,
foram decididamente conhecidas pelas igrejas erradas pelo apelido de anabatistas.
No presente capítulo estudaremos as aflições que esses crentes passaram para
permanecerem leais ao ensino de Jesus. Foram duas fases distintas de
perseguição. Na primeira fase a perseguição foi sofrida juntamente com as igrejas
erradas, pois, para todos os efeitos, os pagãos não saberiam bem distinguir quem
era o certo e quem era o errado. Aos pagãos o que interessava era eliminar o
cristianismo. Essa fase durou até o ano de 313 A.D. A partir desta data, o Imperador
Constantino fez uma proposta de casar o Estado com a Igreja. As igrejas erradas
aceitaram o convite. As fiéis não. Começou então a segunda fase de perseguição.
Neste período vemos as igrejas fiéis sofrendo perseguições nas mãos de igrejas
erradas. Abaixo temos um breve relato destas duas fases de perseguição.
PERSEGUIDAS JUNTO COM AS IGREJAS ERRADAS ATÉ 313 A.D.
Até o ano de 3l3 A.D. os cristãos - fiéis ou errados - sofriam as perseguições vindas
com os editos lançados pelos imperadores. As primeiras conhecidas foram as de
Nero (54-68). Pedro e Paulo morreram nesse período. A perseguição estourou pela
segunda vez em 95 durante o governo despódico de Domiciano. Foi nesse período
que o apóstolo João ficou preso em Patmos. Outras se deram em ll2 por Plínio e em
161-180 por Marco Aurélio. Estas perseguições foram locais e esporádicas até o ano
de 250, quando se tornaram gerais e violentas, começando com uma dirigida por
Décio. Muitos pastores se desviaram nesta perseguição. Em 303 Diocleciano
ordenou o fim das reuniões cristãs, a destruição de igrejas, a deposição dos oficiais
da igreja, a prisão daqueles que persistissem em seu testemunho de Cristo e a
destruição das escrituras pelo fogo. Um ultimo édito obrigou os cristãos a
sacrificarem aos deuses pagãos sob a pena de morte caso recusassem.
Esta primeira fase de perseguição criou dois problemas internos que necessitavam
de solução.
Um dos problemas foi as duas duras controvérsias que tiveram lugar no Norte da
África e em Roma, envolvendo a maneira de tratar aqueles que tinham oferecido
sacrifícios em altares pagãos, quando da perseguição movida por Décio, e aqueles
que entregaram Bíblias na perseguição dirigida por Diocleciano. As igrejas fiéis
depuseram do cargo os pastores que caíram durante este período. Foi o caso do
bispo de Cartago, Felix. Já as igrejas erradas achavam que estava tudo bem, afinal
de contas eram tempos de perseguição. Assim, apoiado pelo bispo de Roma,
Felix manteve-se no cargo de pastor. Esta atitude separou ainda mais as igrejas fiéis
das erradas. Os donatistas surgiram desta questão.
A perseguição movida por Diocleciano provocou o segundo problema, que foi o do
Cânon do Novo Testamento. Se o possuir epistolas podia levá-los a morte, os
cristãos precisavam estar seguros de que os livros pelos quais poderiam padecer a
morte eram realmente livros canônicos. Esta preocupação ajudou nas decisões
finais acerca de qual literatura era sagrada. Foi assim que resolveu-se aceitar os
atuais vinte e sete livros do Novo Testamento seguindo a seguinte idéia: Verificar se
ele tinha sinais de apostolicidade;
Verificar se foi escrito por um apóstolo ou por alguém ligado intimamente aos
apóstolos;
Verificar a eficácia do livro na edificação da igreja quando lido publicamente; e
verificar sua concordância com a regra de fé dos apóstolos.
PERSEGUIDAS PELAS IGREJAS HERÉTICAS A PARTIR DE 313 A.D.
Em 313, com o edito de Milão, Constantino fez cessar a perseguição aos cristãos
em todo o império e gradualmente foi cumulando-os de favores. O imperador logo
percebeu a clara divisão entre os cristãos.
Percebera a importância de ser apoiado pela hierarquia de uma religião poderosa.
Mas precisava que essa hierarquia fosse unanime em sua fidelidade ao Estado.
Assim, embora pagão, presidiu concílios da Igreja e obrigou-a a unificar-se.
Devido a essa atitude foi prontamente contrariado pelos anabatistas. Indignado, e
aliando-se aos cristãos errados, baniu e perseguiu os fiéis que não concordaram
com sua unificação das igrejas. Começaram as terríveis perseguições das seitas
cristãs oficiais - protegidas pelo imperador - contra as não oficiais, os anabatistas,
que se mantiveram independentes do governo. Pela primeira vez na história, a partir
do ano 313, encontramos a página mais triste da história das igrejas.
Encontramos cristãos errados perseguindo os cristãos fiéis. Esta perseguição, além
de visar o extermínio dos anabatistas, também foi a mais longa. Durou mais de mil e
trezentos anos, vindo a terminar após a Reforma no século XVII.
As heresias que levaram as igrejas erradas a serem excluídas eram de princípio
duas: Salvação pelo batismo e a idéia de um bispo monárquico. Agora, com a igreja
se tornando a religião oficial do Estado, e estando sob a orientação e o comando do
Imperador, temos mais uma heresia, e esta feriu a independência da igrejas para
com o Estado. Para a infelicidade dos fiéis, era esta uma heresia que dava muita
força aos cristãos errados. Os pastores das igrejas heréticas tornaram-se mais fortes
do que já eram. O bispo de Roma logo despontou como soberano sobre os demais.
Até algumas igrejas fiéis, vendo neste casamento o cessar da perseguição,
debandaram de lado, diminuindo consideravelmente o número das igrejas fiéis às
escrituras.
Protegidos e armados com o apoio dos imperadores as igrejas heréticas mostraram
sua verdadeira face. A face da intolerância. A face de um caráter depravado que não
tinha nada de Cristo. A face do ódio contra quem era fiel a Cristo. Liderados pelo
bispo Romano no Ocidente e pelo bispo de Constantinopla no Oriente as igrejas
heréticas passaram a perseguir cruelmente as igrejas fiéis. Proibiu-se o direito de
culto; proibiu-se a livre interpretação das escrituras; proibiu-se o rebatismo;
Quem não pertencesse a igreja oficial - ou Católica - seria perseguido e condenado
a morte. Qualquer pessoa que fosse rebatizada pelos anabatistas sofreria a pena de
morte. Os pastores anabatistas foram a uma condenados à fogueira, ao afogamento,
a tortura e toda sorte de assassinado e extermínio possível.
Assustados com a perseguição e na busca da sobrevivência, as igrejas fiéis fugiam
de lugar a lugar. Iniciou-se o período de migração dos anabatistas para os países
onde havia a tolerância religiosa. Portanto, a partir do século. IV vamos encontrá-los
em diversos países e com diversos nomes. No capítulo seguinte será estudada
estas fugas mais detalhadamente.
A FUGA DOS ANABATISTAS
MOTIVO DA FUGA: A INQUISICÃO
Foi visto no capitulo anterior que o motivo da fuga dos anabatistas deveu-se ao
plano de extermínio por parte das igrejas heréticas. O plano, primeiramente
elaborado pelo imperador Constantino, foi seguido pelos seus sucessores e levado a
cabo pelos bispos das principais igrejas heréticas como a de Roma e
Constantinopla. Em qualquer enciclopédia o leitor poderá encontrar como foi feito
este plano. Chamava-se INQUISICÃO. Durou mais de 1200 anos e matou mais de
50.000.000 (cinqüenta milhões) de anabatistas em todo o mundo.
Vejamos o relato da enciclopédia BARSA :
“Se bem que a Inquisição só se apresentasse em plena pujança no século XIII, suas
origens, contudo, remontam o século IV. A partir de então data a perseguição
aqueles que não aceitavam o credo católico. Tinham seus bens confiscados e eram
condenados a morte. As perseguições foram acentuadas no século IV e V.
Do século VI ao IX as perseguições diminuíram. Aumentou porém, a partir da ultima
parte do século X, registrando então numerosos casos de execuções de hereges, na
fogueira ou por estrangulamento. O papa Inocencio III (1198-1215) foi responsável
por uma cruzada contra os albingenses (anabatistas do sul da Franca), após a qual
praticou execuções em massa”.
Note na frase acima: “suas origens remontam o século IV”. Foi justamente neste
período - após 313 A.D - que os cristãos heréticos, por terem unido a Igreja com o
Estado, conseguiram forcas para destruir os cristãos fiéis. Fica claro segundo este
relato da BARSA que o motivo ou a intenção dos cristãos heréticos era a de
exterminar os anabatistas, e método que usaram foi a famosa INQUISICÃO.
No mesmo relato mencionado somos informados que as perseguições foram
acentuadas nos séculos IV e V. Só Deus sabe quantos cristãos fiéis foram
rudemente assassinados. Quando diz que “do século VI ao IX as perseguições
diminuíram”, não foi pelo fato de haver misericórdia por parte dos católicos.
Quer dizer que não tinham tantos anabatistas para eles matarem, pois, após
trezentos anos de perseguição e genocídio, ficaram poucos para contarem a
história. A partir do século X, lá pelos anos 900, quando em alguns países o
números de anabatistas aumentava, a perseguição recrudescia, ou seja, era mais
sanguinária.
Um dos motivos que no século XVI os anabatistas apareceram em grande número
na Alemanha, Boêmia, Países Baixos e Inglaterra, é que nestes lugares a Inquisição
era bem menor. No sul da Europa, devido a influencia papal, era quase impossível
um anabatista sobreviver.
Sem a liberdade de cultos e com a vida constantemente ameaçada os anabatistas
só tiveram uma saída. Fugir para os montes e lugares distantes. Fugir da inquisição
promovida pela ira e maldade papal.
O motivo pelo qual os anabatistas eram perseguidos foram:
- insubmissão a hierarquia religiosa;
- Não aceitação do batismo como um sacramento ou algo que tenha a ver com a
salvação;
- pregar que a salvação é só pela graça sem a ajuda das obras;
- negar o culto aos santos;
- negar que Maria é mãe de Deus;
CAPITULO V
IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS ATÉ O SÉCULO XII
Não é fácil traçar um lugar exato para o movimento dos anabatistas, pois os
mesmos mudavam-se durante os períodos de graves perseguições. Outro problema
é o apelido que eles levavam. Houve tempo em que mais de um apelido foi usado
para designar o mesmo grupo de pessoas, é o caso dos montanistas na Ásia,
Paulicianos na Armênia e Donatistas na África do Norte, todos viveram na mesma
época entre os séculos IV ao VIII. No período que vai desde o ano 160 até 1100,
houve pelo menos quatro grandes e influentes grupos de anabatistas. São eles:
Os Montanistas - principalmente na Ásia Menor; Os Novacianos - Na Ásia Menor e
na Europa; Os Donatistas - por toda a África do Norte; e os Paulicianos -
primeiramente no oriente médio, indo para o centro europeu e de lá para os Alpes no
sul e regiões campestres no norte da Europa.
Os apelidos que receberam derivavam-se ou de um nome pessoal (exemplo:
Donatistas de Donato) ou podia ser derivado de um lugar (exemplo: Albingenses da
cidade de Albi no sul da Franca). Porém, o que mais importava nestes quatro
grupos, não era o nome que recebiam, mas se realmente eram fiéis às doutrinas da
Bíblia.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO “MONTANISTAS”
Oficialmente os “montanistas” foram os primeiros cristãos a serem chamados de
anabatistas pelos cristãos infiéis ou hereges. O apelido montanista vem do nome
próprio MONTANO, que foi um pastor frígio que viveu aí por volta de 156 A.D.
Foi um movimento que varreu toda Ásia Menor num momento em que as igrejas
estavam sendo destruídas pelas heresias da Salvação pelo batismo e a idéia de um
bispo monárquico. Os montanistas insistiam em que os que tivessem decaído da
primeira fé deveriam ser batizados de novo.
O historiador contemporâneo Earle E. Cairns diz que o movimento “foi uma tentativa
de resolver os problemas de formalismo na igreja e a dependência da igreja da
liderança humana quando deveria depender totalmente do Espirito Santo.”
E também acrescentou que o “montanismo representou o protesto perene suscitado
dentro da igreja quando se aumenta a força da instituição e se diminui a
dependência do Espirito Santo.” (O Cristianismo através dos Séculos, pg 82 e 83).
Como sua mensagem era uma necessidade para as igrejas o movimento espalhouse
rápido pela Ásia Menor, África do Norte, Roma e no Oriente. Algumas igrejas
grandes chegaram mesmas a serem chamadas de Montanistas. Foi o caso da igreja
de Éfeso.
Tertuliano, considerado um dos maiores Pais da Igreja, por ser bom estudante da
Bíblia, atendeu aos apelos do grupo e tornou-se montanista. Apesar de serem
radicais quanto as regras de fé de uma igreja eram pessoas humildes e mansas.
As igrejas erradas logo reagiram contra esse movimento.
No concílio de Constantinopla, em 381 (portanto nesta época a igreja e o Estado já
estavam casados um com o outro), os pastores das igrejas heréticas ou católicas
declararam que os montanistas
deviam ser olhados como pagãos, serem julgados e mortos.
As igrejas erradas tinham verdadeiro ódio aos montanistas. O próprio Montano é
visto como um arqui-herege da Igreja. Os livros inventam e condenam o movimento
chamando-o de pagão e anti-cristão. Na verdade pagãos e anti-cristãos eram os
membros das igrejas erradas. Assim que as igrejas erradas se casaram com o
Estado veio a perseguição das mesmas contra os montanistas.
Vale um ressalvo ao amigo leitor. Muitas enciclopédias, ou livros, mencionam coisas
ruins sobre grupos anabatistas (tais como: Montanistas, Donatistas, Novacianos,
Cátaros, Paulicianos, Valdenses, Albingenses, e até mesmo os Anabatistas do
século XVI). Temos que lembrar que faz parte da natureza corrompida do homem
culpar os outros por seus erros, bem como, difamar o outro para salvaguardar sua
vida ou sua integridade diante dos outros. Vejamos o caso dos judeus no tempo de
Cristo. Os tais, malignamente mataram o Senhor Jesus, e, sabendo da ressurreição,
colocaram vigias para guardarem o túmulo (Mat. 27:62-66). Não podendo evitar que
Jesus saísse de lá, resolveram difamar seus discípulos, pagando aos guardas que
mentissem, dizendo terem roubado o seu corpo (Mat. 28:11-15).
Não fosse a Bíblia, a Palavra de Deus, testemunhar que era mentira o que diziam os
judeus, e então, estaríamos todos pensando que Jesus nunca ressuscitou. Aliás,
este ainda era o pensamento no tempo do apóstolo Paulo (Atos 25:19), sendo que o
próprio Pôncio Festo, governador da Judéia, acreditava nesta mentira inventada
pelos judeus. Portanto, não podemos acreditar nas enciclopédias e livros que são
escritos por católicos ou protestantes, os quais, participaram de massacres contra os
anabatistas. Os Cátaros – também conhecidos como albingenses – por exemplo,
foram terrivelmente esmagados numa cruzada ordenada pelo Papa Inocêncio III.
Foi um grupo praticamente exterminado numa das mais cruéis e sanguinolentas
ações assassinas já vista no mundo religioso. Não contentes com isso, os escritores
católicos passaram para suas sucessivas gerações, que os pacíficos cátaros, eram
homens pagãos, sem Deus, descendentes do Maniqueísmo. E porquê?
Porque assim eles não são discriminados. Se não são discriminados pelas suas
atitudes, logo, não são acusados e mal vistos por uma sociedade que aceita a
testemunha viva que mente e rejeita a testemunha morta que não pode se defender.
Ora, ora, ora. Esse é um grande golpe do catolicismo da era medieval, e também foi
usado por Calvino e Lutero. Qual golpe? O golpe da testemunha morta.
A testemunha morta é a melhor testemunha que existe. Porquê? Porque testemunha
morta não fala, não escreve, não vai a tribunais, e não pode pedir que se faça
justiça. A melhor coisa para o assassino é que sua testemunha morra. Assim ela não
o acusa. E melhor, ela não pode se defender de nenhuma das mentiras que o
assassino inventa. Não é de admirar que algumas enciclopédias e livros falam tão
mal de alguns grupos anabatistas. São todos ligados e envolvidos na mentira.
Peço que o leitor reflita: “Quem estaria com a verdade? Os Cátaros, os Paulicianos e
os Anabatistas do século XVI, ou a podre Igreja Católica, assassina, mentirosa, e
que tem pervertido a verdade de Deus em mentira, tais como: Purgatório, adoração
a Maria, Adoração a imagens, Imaculada Conceição, e etc., etc., etc.”.
Quem será que mente? Que tal pensar e medir as coisas como Cristo ensinou:
“Acautelai-vos porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas,
mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis.
Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?” (Mat. 7:15-16).
Se o leitor concorda com o fruto produzido pelo catolicismo (idolatria, mentira,
egoísmo, entre outros), os quais são mencionados como obras da carne
(Gálatas 5:19-21), infelizmente o estudo sobre a Origem não pode ajudá-lo.
Mas caso o leitor esteja resolvido a olhar com os olhos da fé sobre estes erros e
condená-los, então, continue a ler.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO “NOVACIANOS”
O segundo grupo de anabatistas oficialmente conhecidos são os “novacianos”.
Assim como os montanistas este apelido é proveniente do nome próprio “Novácio”.
Novácio foi um pastor da Ásia Menor que viveu cerca de 251 A.D. Pouco sabemos
sobre sua pessoa, mas a julgar pelos membros de sua igreja foi um homem fiel a
Deus. Os novacianos foi o primeiro grupo a ser chamado de catharis, ou seja, os
puros. Isso devido a pureza de vida que levavam. Temos algumas informações a
respeito destes anabatistas pelos maiores historiadores da historia da Igreja:
Mosheim, Vol. I, pag 203 “Rebatizavam a todos que vinham do Catolicismo”.
Orchard em Alix’s Piedmont C 17, pg.. 176
“As igrejas assim formadas sobre o plano de comunhão restrita e rígida disciplina
obtiveram a alcunha de puritanos. Foram a corporação mais antiga de igrejas cristãs
das quais temos qualquer notícia, e uma sucessão delas, provaremos, continuou até
hoje. Tão cedo como em 254 esses dissidentes (cristãos verdadeiros) são acusados
de terem infeccionado a França com as suas doutrinas, o que nos ajudará no estudo
dos albingenses...
Estas igrejas existiram por sessenta anos sob um governo pagão, durante cujo
tempo os velhos interesses corruptos em Roma, Cartago e outros lugares não
possuíam meios senão os da persuasão e da censura para pararem o progresso dos
dissidentes. Durante este período as igrejas novacianas foram muito prósperas e
foram plantadas por todo o império romano. É impossível calcular o benefício do seu
serviço a comunidade. Conquanto rígidos na disciplina, cismáticos no caráter, foram
achados extensivos e numa condição florescente quando Constantino subiu ao trono
em 306 A.D.”
W. N. Nevins, comenta que:
“Na conclusão do quarto século tinham os novacianos três ou quatro igrejas em
Constantinopla, assim como em Nice, Nicomédia, Cocíveto e Frigia, todas elas
grandes e extensivas corporações, além de serem muito numerosas no Império
Ocidental. Havia diversas igrejas em Alexandria no século quinto. Aqui Cirilo,
ordenado bispo dos Católicos Romanos, trancou as igrejas dos novacianos.
O motivo foi o rebatismo dos católicos. Foi lavrado um édito em 413 pelos
imperadores Teodósio e Honório declarando que todas as pessoas rebatizadas e os
rebatizadores seriam punidos com a morte. Conformemente, Albano, zeloso ministro
com outros foi assim punidos por batizar. Como resultado da perseguição nesse
tempo muitos abandonaram as cidades e buscaram retiro no país e nos Vales do
Piemonte, onde mais tarde foram chamados de valdenses.”.
O Dr. Robinson em Eclesiastical Reserches, 126 traça a sua continuação até a
reforma e a aparição do movimento anabatistas do século. XVI.
E acrescenta: “Depois quando as leis penais os obrigaram a se esconder em lugares
retirados e a adorarem a Deus secretamente, foram designados por vários nomes”.
Parece que o movimento dos novacianos, apesar de iniciar um século depois do
movimento montanista, cresceu mais que o primeiro, pelo menos no ocidente.
Enquanto o Montanismo crescia na Ásia Menor e no Oriente, os novacianos
cresciam mais no ocidente. Um terceiro grupo, os donatistas, cresciam mais na
África do Norte.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO “DONATISTAS”
Os donatistas foram o terceiro grupo a serem oficialmente chamados de
anabatistas. Foram assim chamados devido serem da mesma opinião que Donato,
pastor na cidade de Cartago por volta do ano 311 A.D.
A Origem dos Donatistas
Este movimento apareceu em Cartago durante a perseguição de Diocleciano.
O motivo foi simples: Recusaram comunhão comum com os pastores apóstatas
como foi o caso de Felix, pastor da maior igreja em Cartago. Felix sacrificou aos
ídolos e ao imperador na perseguição de Diocleciano. Muitos fiéis morreram na
mesma época por recusar agir da mesma forma. Findada a perseguição Felix
ordenou ao ministério Ciciliano, acusado de ser um traidor. Donato solicitou a sua
deposição, pois, sustentava que o fato de não ter sido fiel no tempo da perseguição
invalidava a possibilidade de Felix ordenar. Esta solicitação é justa e bíblica.
Se um pastor é deposto de seu cargo por cair na apostasia que direito ele terá de
ordenar alguém? Apoiado pelos pastores das grandes igrejas do ocidente, Felix
permaneceu no cargo.
Desapontados em ver as escrituras sendo atropeladas os cristãos fiéis do norte da
África fizeram o mesmo que os do Oriente, Ásia Menor e do Ocidente, excluíram da
comunhão os pastores e igrejas infiéis. Os que assim agiram foram conhecidos
como Donatistas.
A Identificação dos Donatistas com os outros grupos de anabatistas Donatistas e
Novacianos eram idênticos em sua doutrina e disciplina. Crispim, historiador francês,
diz deles que concordavam: “Primeiro, pela pureza dos membros da igreja, por
afirmarem que ninguém devera ser admitido na igreja senão tais como verdadeiros
crentes santos e reais. Depois pela pureza da disciplina da igreja. Terceiro, pela
independência de cada igreja. Quarto, eles batizavam outra vez aqueles cujo
primeiro batismo tinham razão de por em duvida”.
Não há dúvida de que a maior identificação que liga os quatro grupos de anabatistas
primitivos - montanistas, novacianos, donatistas e paulicianos - foi a recusa em
aceitar as heresias pós-apostólicas das igrejas erradas. Isso levou-os a rebatizar os
membros vindos dessas igrejas e consequentemente recusar a comunhão com as
mesmas. O certo é que todas, por defender as verdades bíblicas, receberam o
apelido de anabatistas. Os Donatistas perseguidos verbalmente por Agostinho;
Um fato interessante da história dos donatistas é a disposição de Agostinho, o tão
famoso pai da igreja, em debater esses fiéis, mais precisamente ao bispo donatista
Petiliano. Agostinho tentou censurá-los em palavras, mas diante da Bíblia não houve
como vence-los, pois a Bíblia dava-lhes razão. Perdendo o combate em palavras,
Agostinho passou a persegui-los com a espada imperial. Condenou os donatistas
nas seguintes questões:
- Eram separatistas. Negavam-se a unirem com as igrejas oficiais;
- Insistiam no rebatismo dos que passavam da igreja oficial para a deles;
- Eram irredutíveis em questão de fé;
O bispo donatista Petiliano, contra quem Agostinho debateu, assim respondeu ao
bispo católico: - “Pensai vós em servir a Deus matando-nos com as vossas mãos?
Enganais a vós mesmos. Deus não tem assassinos por sacerdotes. Cristo nos
ensina a suportar a perseguição, não vingá-la”. E o bispo donatista Gaudencio diz: -
“Deus não nomeou príncipes e soldados para propagarem a fé. Nomeou profetas e
pescadores”.
Os bispos católicos (alguns na África) começaram uma nova moda a partir de 370
A.D. Foi a de batizar criancinhas recém-nascidas. Uma idéia prontamente defendida
por Agostinho, que fez o seguinte comentário: “Quem não quer que as criancinhas
recém-nascidas do ventre das suas mães sejam batizadas para tirarem o pecado
original... seja anátema”. Essa idéia tão anti-bíblica foi totalmente recusada pelos
donatistas. Aumentou assim as divergências entre católicos e donatistas.
O Crescimento dos Donatistas;
O crescimento desse grupo de anabatistas foi espantoso. No concílio feito por
Teodósio II em 441 na cidade de Cartago, compareceram 286 bispos da igreja oficial
e 279 bispos donatistas. Robinsom declara que: “tornaram-se tão poderosos que a
corporação católica invocou o interesse do imperador Constantino contra eles, pelo
que os donatistas inqueriram: - que tem o imperador a ver com a igreja?
Que tem os cristãos a ver com o rei? Que tem os bispos a ver no tribunal?”.
O historiador Orchard, relatou que: “tornaram-se quase tão numerosos como os
católicos romanos”. E o historiador Jones diz na sua Conferencia Eclesiastica,
Vol. I, pg 474: “Rara era a cidade ou vila na África em que não houvesse uma igreja
donatista”.
A Perseguição contra os Donatistas;
O crescimento foi tanto que espantou Constantino.. Este imperador, que dizia-se
cristão, encheu as igrejas oficiais de favores. Na História da Igreja Católica, página
20, temos o seguinte relato: “O clero foi colocado no mesmo pé de igualdade dos
sacerdotes pagãos em matéria de isenção e obrigação civis. Eram permitidos os
testamentos em favor da igreja”. No mesmo livro na página vinte diz:
“Constantino fez doações, saídas do tesouro público a igreja que começava a
acumular bens e grandes rendimentos”.
Estes favores porém, só eram concedidos as igrejas oficiais, justamente aquelas que
venderam a fé por privilégios humanos, aquelas que desde o princípio precisaram
ser excluídas por mudarem até o plano de salvação. Na página 24 do livro já
mencionado, segue-se o seguinte relato: “Aboliram a lei da crucificação, porém, não
estendeu nenhum desses favores aos cristãos dissidentes, os montanistas por
exemplo. No seu entusiasmo de preservar a unidade de fé e disciplina, o imperador
mostrou-se tão ativamente hostil para com os dissidentes, tais como os donatistas,
que qualquer um que novamente estivesse preocupado com a futura liberdade da
igreja teria passado um mal bocado”. No livro O Papado na Idade Média, pagina 24,
esse relato é confirmado: “Constantino não podia tolerar, especialmente a
diversidade das crenças e dos cultos que caracterizava a igreja enquanto ainda vaga
a confederação. Manifestou essa resolução imediatamente, quando, após os
sínodos pouco categórico de Roma, Cartago, e Arles, condenou pessoalmente os
donatistas no ano de 316 A.D.
O movimento foi praticamente exterminado com a chegada dos muçulmanos.
Em 722 A.D. o islamismo tomou conta do norte da África. As igrejas cristãs na África,
tanto donatistas, como as católicas - tanto as de rito ocidentais como as orientais -
foram destruídas. O movimento sobreviveu com outros nomes em outros lugares.
Os que conseguiram sobreviver foram para o sul da França, em Albi, para os Alpes
no sul da Europa, como o Piemonte. Devido aos decretos de punição com a morte
de quem não batizasse as criancinhas, ficaram os donatistas praticamente
impedidos de entrar nas cidades ocidentais e orientais da Europa.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO “PAULICIANOS”
Os Paulicianos podem ter sido o mais antigo grupo de anabatistas que se conhece.
A falta de dados sobre o seu princípio, e o falso relato das igrejas orientais sobre
eles dificultam uma data exata para o inicio desse movimento.
A Origem dos Paulicianos;
As tradições narradas pelos monges da igreja grega, dizem que os paulicianos
surgiram na segunda metade do século sétimo, tendo como fundador um tal
Constantino. Realmente Constantino , um pastor pauliciano, existiu.
Mas era simplesmente uma pastor, que, em 690 A.D., foi morto por lapidação por
ordem dos bispos gregos.
Na História de Gibbon, VI, pg 543
Gibbon classifica o paulicianismo como a forma primitiva do cristianismo:
“De Antioquia e Palmira deve ter sido espalhada a Mesopotâmia e a Pérsia; e foi
nestas regiões que se formou a base da fé, que se espalhou desde as cordilheiras
do Tauro até o monte Arará. Foi esta a forma primitiva do Cristianismo.
Noutro lugar, V, pg 386, diz ele:
“O nome pauliciano, dizem os seus inimigos que se deriva de algum líder
desconhecido; mas tenho certeza de que os paulicianos se gloriaram da sua
afinidade com o apóstolo aos gentios”.
No livro A Chave da Verdade, escrito pelos próprios paulicianos, citado por Gregório
Magistos no décimo primeiro século, e descoberto pelo Sr. Fred C. Conybeare, de
Oxford, em 1891, na Biblioteca do Santo Sínodo, em Edjmiatzin da Armênia, afirma
nas páginas 76-77 que são de origem apostólica:
“Submetamo-nos então humildemente à Santa igreja universal, e sigamos o seu
exemplo, que, agindo com uma só orientação e uma só fé, NOS ENSINOU. Pois
ainda recebemos no tempo oportuno o santo e precioso mistério do nosso Senhor
Jesus Cristo e do pai celestial: a saber, que no tempo de arrependimento e fé. Assim
COMO APRENDEMOS DO SENHOR DO UNIVERSO E DA IGREJA APOSTÓLICA,
prossigamos; e firmemos em fé verdadeira aqueles que não receberam o santo
batismo (na margem: a saber, os latinos, os gregos e armênios que nunca foram
batizados); como assim nunca provaram do corpo nem beberam do santo sangue do
nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, de acordo com a Palavra do Senhor, devemos
traze-los a fé, induzi-los ao arrependimento, e dar-lhes o batismo - rebatiza-los.”
Fica claro que eles não se denominavam paulicianos, porém, “a igreja Santa,
Universal e Apostólica”. As igrejas romanas, gregas e armênias, eram duramente
condenadas por eles. Condenavam principalmente o batismo por imposição
(praticado pelos imperadores) e o batismo infantil.
Outro relato interessante é o do professor Wellhausen, na biografia que escreveu
sobre Maomé, na Enciclopédia Britânica, XVI, pg 571, pois ali os paulicianos são
chamados de “sabian”, que é uma palavra árabe que significa “batista”.
Crescimento e Perseguição dos Paulicianos
Na enciclopédia acima mencionada diz que os sabianos - ou batistas - encheram
com seus adeptos, a Siria, a Palestina, e a Babilônia. O maior grupo estava fixado
nas regiões montanhosas do Arara e do Tauros. O motivo de escolherem este lugar
de tão difícil acesso é a perseguição movida contra eles pelas igrejas gregas.
Enquanto Montanistas, Novacianos e Donatistas eram perseguidos mais pelas
igrejas romanas, as igrejas gregas perseguiam os paulicianos no oriente.
O crescimento não podia deixar de despertar os inimigos. No ano de 690, o já
mencionado pastor Constantino, foi apedrejado por ordem do imperador, e seu
sucessor queimado vivo. A imperatriz Teodora instigou uma perseguição na qual,
dizem, foram mortos na Armênia cem mil paulicianos. Por incrível que pareça foram
tolerados por muito tempo pelos maometanos. Isso deixou-os a vontade e foram
eles os grandes missionários da idade das trevas entre os anabatistas.
Espalharam-se pela Trácia em 970, pela Bulgária, Bosnia e Servia após o ano 1100.
Em todos estes lugares foram como missionários enviados pelas igrejas paulicianas.
O historiador Orchard revela que “um número considerável de paulicianos esteve
estabelecido na Lombardia, na Insubria, mas principalmente em Milão, aí pelo
meado do século onze e que muitos deles levaram vida errante na Franca, na
Alemanha e outros países, onde ganharam a estima e admiração da multidão pela
sua santidade.
Na Itália foram chamados de Paterinos e Cátaros. Na França foram denominados
búlgaros, do reino de sua emigração, também publicanos e boni homines, bons
homens; mas foram principalmente conhecidos pelo termo albigenses, da cidade de
Albi, no Languedoc superior”. Em 1154 um grupo de paulicianos emigrou para a
Inglaterra, tangidos ao exílio pela perseguição. Uma porção deles estabeleceram-se
em Oxford. William Newberry conta do terrível castigo aplicado ao pastor Gerhard e
o povo. Seis anos mais tarde outra companhia de paulicianos entrou em Oxford.
Henrique II ordenou que fossem ferreteados na testa com ferros quentes,
chicoteados pelas ruas da cidade, suas roupas cortadas até a cintura e enxotados
pelo campo aberto. As vilas não lhes deviam proporcionar abrigo ou alimento e eles
sofreram lenta agonia de frio e fome.” É interessante lembrar ao leitor, que João
Wycliff (1320-1384), considerado a “estrela d’alva” da Reforma, iniciou justamente
em Oxford sua luta para reformar a podridão do catolicismo. Sem dúvida ele teve
algum contato com algum sobrevivente dos paulicianos. A partir do século XII o
nome pauliciano foi caindo em desuso. Conforme suas emigrações e campos
missionários, foram recebendo novos nomes ou se fundindo com os outros grupos
de anabatistas da Europa. No sul o nome perdeu-se entre os albingenses e
valdenses. No centro e norte da Europa foi aos poucos prevalecendo o nome de
“anabatistas”.
CAPITULO VI
IDENTIFICANDO OS ANABATISTAS DO SÉCULO XII a XV
Os anabatistas dos séculos XII ao XV são a continuação ou os descendentes diretos
dos anabatistas primitivos. A única coisa que vai mudar é o sobrenome do apelido.
Vimos que na primeira geração de anabatistas havia quatro grandes correntes, que
ia desde o Oriente Médio até a Europa. A partir do século XII, a mais forte destas
correntes (os paulicianos) fundiu sua identidade com os irmãos europeus que serão
estudados neste capítulo.
Dois grandes grupos de anabatistas apareceram neste período. Esse número pode
ser bem maior, mas me falta conhecimento para integrá-los aos demais.
Não é nossa idéia trabalhar com hipóteses. Trabalhamos com declarações e
documentos de estudiosos no assunto de história das igrejas.
Por isso consideraremos apenas dois grupos como autênticos anabatistas.
São eles: Os albingenses e os Valdenses. A história de amor pela palavra de Deus,
e a perseguição que sofreram decorrente deste amor, é uma das histórias mais
lindas e tristes que já li.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO ALBIGENSES
Após os quatro grupos primitivos de anabatistas os albigenses é o primeiro a se
destacar como seus descendentes. Já se notou que os montanistas, donatistas e
novacianos, após a investida de Roma e Constantinopla sobre eles, foram obrigados
a se refugiar na região dos Pirineus, sul da Franca.
Também os paulicianos a partir do século XI se fixaram nestes lugares.
Foi exatamente assim que Deus guardou sua igreja pura e viva, para descobri-la
novamente ao mundo e pregar as boas novas. Os velhos nomes morreram, mas a fé
permaneceu a mesma. A doutrina também não mudou. Também não mudou o
costume de rebatizar os católicos, e por isso todos os dois grupos eram identificados
como seus antecessores, ou seja, “anabatistas”.
A Origem dos Albigenses
Alguns historiadores traçam a origem dos albigenses como tendo provindo dos
paulicianos (Enc. Brit. I pg 45), enquanto outros afirmam que eles se achavam no sul
da França desde os primeiros dias do cristianismo. Este apelido não provém do
nome de um pastor famoso, como por exemplo os novacianos.
É um apelido proveniente do lugar onde os anabatistas se encontravam. Albi era
uma cidade no distrito de albigeois, no sul da França.
Após a perseguição desencadeada por Roma e Constantinopla sobre os
montanistas, novacianos e donatistas, estes três grupos, sem exceção, ficaram
impedidos de pregar nas cidades do ocidente e do oriente onde prevalecia o poder
papal. A prática de rabatizar os católicos era punida com a morte. Então, num gesto
de conseguir a sobrevivência da fé e da ordem apostólica, estes grupos procuraram
esconder-se nos Alpes e nos Pirineus. Ao chegarem nestes lugares perderam o
antigo apelido e foram conhecidos por outros apelidos: ALBIGENSES - pelo lugar
onde se refugiaram; CÁTAROS - Devido a pureza de vida que levavam; HOMENS
BONS - Pela inegável integridade desses crentes; e ANABATISTAS - por
rebatizarem os que vinham do catolicismo romano ou ortodoxo.
Não existia diferença entre as doutrinas dos recém-chegados a esse refugio - como
foi o caso dos paulicianos - e os anabatistas já instalados ali há quase um milênio - a
saber, os montanistas, novacianos e donatistas. Mesmo vindos de cantos totalmente
diferentes e de diversos lugares do mundo antigo, ao chegarem nos vales dessas
montanhas, uniam-se facilmente uns com os outros. O crescimento dos anabatistas
neste lugar fez o dr. Allix calcular o seu número em três milhões e duzentos mil
pessoas só nos Pirineus. (O batismo Estranho e os Batistas, pg 63). É maravilhoso
saber como Deus guardou os anabatistas por tantos séculos e depois ajuntou-os
num mesmo lugar. É maravilhoso saber que a podridão do catolicismo não
conseguiu penetrar nessas igrejas de Jesus Cristo por todos estes séculos.
Perseguição contra os albigenses
Qualquer pessoa pode por si mesma fazer um estudo minucioso sobre as
atrocidades cometidas contra os albigenses. O que o catolicismo fez por mais de um
século contra esse grupo de anabatistas pode ser lido em qualquer biblioteca de
uma simples escola pública. Basta pegar uma enciclopédia e abrir na página de
Inocencio III. Este papa católico foi um dos muitos que mataram friamente
anabatistas por mais de mil e trezentos anos. Só que as atrocidades deste papa
foram todas registradas e não podem ser escondidas da sociedade. Para a igreja
católica ele é um santo. Para mim o mais usado por Satanás de seu tempo.
O Papa Inocencio III (1198-1216) desencadeou contra os anabatistas de albi o que
foi chamada de “a quarta cruzada”. A chacina, iniciada em fins do século XII, iria se
prolongar até meados do século XIII.
Centenas de milhares de albigenses - também chamados de cátaros e bons
homens, foram cruelmente assassinados pelo mandato papal. Houve em 1167 na
cidade de Toulouse o chamado “concílio albigense”. Assunto: Tratar simplesmente
dos hereges anabatistas que lá viviam.
O resultado desse concílio foi a quarta cruzada posta em vigor pelo papa Inocencio
III. Em 22 de Julho de 1209, quase toda a população de Béziers foi massacrada.
O papa Inocencio e seus sucessores, em nome de Deus, matava anabatistas como
se mata porcos. Alguns albigenses que conseguiram se refugiar em Montségur
(foram estes os últimos albigenses anabatistas a assim serem chamados),
conseguiram sobreviver até o ano de 1244. O escritor Nicolas Poulain assim
descreveu o seu fim:
“A 16 de Marco de 1244, os sitiadores prepararam uma enorme fogueira no sopé do
rochedo de Montségur. Então, os 200 sobreviventes saíram do refúgio e desceram
em lenta procissão até seus carrascos. Os sãos sustinham os enfermos; de mãos
dadas, entoavam hinos religiosos. Entre eles, havia uma mãe com sua filha doente...
impassíveis, todos entraram nas chamas... o local onde foi erguida a fogueira ainda
é conhecido como o “campo dos queimados”; ali se erigiu uma esta funerária onde
foi gravada a seguinte inscrição: “EM MEMÓRIA DOS CÁTAROS, MÁRTIRES DO
PURO AMOR CRISTÃO.”
E ainda há quem defenda um homem como Inocencio III. E ainda há quem ache a
igreja católica ser a igreja que Jesus deixou. Não, não é. Deus não tem assassinos
como pastores. Sua igreja não é uma igreja assassina, pois, “a porta do inferno não
prevalecerá contra minha igreja.” Se leitor duvida do que aqui está escrito procure
saber por si mesmo a verdade. Mas busque a verdade.
OS ANABATISTAS CONHECIDOS COMO VALDENSES
A perseguição que o papado moveu contra os albigenses durante várias décadas
fez os anabatistas a se deslocarem para muitos lugares. O nome albigense era
sinônimo de morte. Surgiu então um outro apelido para designar os anabatistas
deste tenebroso período. Foram chamados de Valdenses.
A Origem dos Valdenses
Os livros relatam que os valdenses se originaram de um rico comerciante de Lion em
ll76. Seu nome era Pedro de Valdo, daí valdenses. Mas a verdade é que esse grupo
é uma continuação dos albigenses. Vendo os anabatistas albigenses que a
perseguição no sul da França não ia ter fim - como não teve - fugiram para outras
localidades. Em suas fugas iam evangelizando e rumando sempre para o norte da
Europa. Foi onde Pedro de Valdo se converteu, e por ser famoso, os inimigos logo
apelidaram os antigos albigenses de Valdenses.
Significativo é o depoimento de Raisero Sachoni. Ele foi por dezessete anos um dos
mais ativos pregadores dos “Cátaros” ou “Valdenses”. Mais tarde uniu-se à ordem
dominicana apostatando da fé. Tornou-se um acérrimo inimigo dos Valdenses, e por
isso o papa fe-lo inquisitor da Lombardia. Por muitos anos, até sua morte, acusou e
mandou matar seus ex-irmãos anabatistas. Foi um judas. Sua opinião sobre a
origem dos valdenses é como se segue:
“Entre todas as seitas não há mais perniciosa à igreja (católica é claro) do que os
valdenses. Por três razões: Primeira, porque é a mais antiga, pois alguns dizem que
data do tempo de Silvestre, 325 A.D. (Silvestre foi o papa que junto com Constantino
condenou os donatistas, montanistas e novacianos), outros ao tempo dos apóstolos.
Segunda, é a mais largamente espalhada, porque dificilmente haverá um país onde
não existam. Terceira, porque, se outras seitas horrorizam aos que a ouvem, os
valdenses, pelo contrário, possuem uma grande aparência de piedade.
Como matéria de fato, eles levam vidas irrepreensíveis perante os homens e no que
respeita a sua fé, aos artigos do seu credo, são ortodoxos. Sua única falta é que
blasfemam contra a igreja e o seu credo”.
O testemunho desse apóstata é muito importante. Não é fácil para um legado
católico dizer que “datam do tempo de Silvestre ou dos apóstolos”.
Outro escritor, dessa vez um francês, Michelet, diz na Historie de France, II, pg 402,
Paris 1833: “Os valdenses criam numa continuidade secreta através da Idade Média,
igual a da Igreja Católica”. E Neander adiciona na History of the Christian, pg 605,
Vol. IV, 1859: “Não é sem fundamento a afirmação dos valdenses deste período
(1100 em diante), a respeito da antigüidade de sua seita, e que tinha havido, desde
o tempo da secularização da igreja, a mesma oposição (a igreja Romana) que eles
sustentavam”.
Os historiadores que se tem especializado na história dos valdenses sustentam a
idéia de que as doutrinas dos valdenses não se originaram com Pedro Valdo.
Diz Faber, The Waldenses and Albigenses:
“A evidencia que acabo de produzir, prova, não somente que os valdenses e
albigenses existiram antes de Pedro de Lião; mas também, que no tempo do
aparecimento dele nos fins do século doze, havia duas comunhões de grande
antigüidade (O autor refere-se aos albingenses e valdenses ao dizer que existias
duas comunhões). Segue-se, portanto, que mesmo nos séculos doze e treze, as
igrejas valdenses eram tão antigas, que a sua origem remota foi atribuída, mesmo
pelos seus inimigos inquisitoriais, ao tempo além da memória do homem.
Os romanistas mais bem informados do período, não ousaram fixar a data da sua
origem. Eram incapazes de fixar a data exata dessas veneráveis igrejas.
Tudo que se sabe é que eles tinham florescido ao longo do tempo, e que eram muito
mais antigos do que qualquer seita moderna”.
Portanto, a se alguém quer saber a origem dos valdenses saiba que, apesar de
receberem esse apelido somente a partir de 1100, já eram conhecidos como
albigenses, paulicianos, donatistas, novacianos e montanistas. Tinham de diferente
apenas o apelido, mas eram todos de uma mesma comunhão. Também todos, sem
exceção, foram chamados de “anabatistas”. O fato de aparecer paralelamente no
mesmo período albigenses e valdenses, não quer dizer que os valdenses não seja
uma continuação dos albigenses. Quer dizer que durante um período de mais ou
menos meia década, enquanto o apelido albigense caía em desuso, crescia o nome
valdense. É o que chamo de período de transição. O estudante notará que a mesma
coisa aconteceu no século XVI. Neste período, enquanto caía o apelido anabatista,
surgia o apelido batista.
A doutrina dos valdenses
Suas doutrinas eram idênticas a dos primitivos anabatistas.
Há dois documentos datados de cerca do ano 1260 A.D. escritos por católicos que
descrevem os valdenses: Um deles diz: “os valdenses vestiam com relativa
simplicidade, comiam e bebiam moderadamente, sempre laboriosos estudiosos,
havendo entre eles muitos homens e mulheres que sabiam de cor todo o novo
testamento”.
O outro documento é o tratado de Davi de Augsburgo, escrito sobre os “pobres de
Lião” ou valdenses, e impregnado de ódio e antipatia. Este documento diz que os
valdenses proclamavam-se “discípulos de Cristo e sucessores dos apóstolos” e
quando eram excomungados, regozijavam-se com o fato de terem de sofrer
perseguição como outrora os apóstolos, “nas mãos dos escribas e fariseus”.
O documento informa que eles rejeitavam os milagres eclesiásticos e os festivais,
ordens, bênçãos, etc., dizendo que essas coisas foram introduzidas pelo clero
cobiçoso; batizavam os que abraçavam seus princípios, dizendo alguns deles que o
batismo de crianças não vale nada, pois elas são incapazes de crer. Não criam que
o sangue e o corpo de Cristo estão na eucaristia, limitando-se a abençoar o
elemento como um símbolo. Celebravam a ceia, recitando palavras do evangelho;
negavam o purgatório, o concubinato, o sacerdotalismo, o legalismo, etc.
A Perseguição dos Valdenses
Assim como os albigenses os valdenses foram tenazmente perseguidos pela Igreja
Católica. A Inquisição matou, queimou, afogou, esfolou, torturou e fez muito mais
para destruir os valdenses. Só para o estudante ter uma idéia, o Papa João XXII
(1316-1334), tendo um rendimento farto e regular dos impostos criados por ele
mesmo, gastava 63% do tesouro papal para financiar a guerra contra os anabatistas
e os muçulmanos. (O Papado na Idade Média, pg 140 e 143). O papado obrigou o
povo a pagar impostos com o intuito de financiar guerras visando o extermínio dos
anabatistas. Em todos os países era passada a chamada “rota romana” com os ad
doc - que significa “a isto” - pressionando e atormentando o povo a pagar o tributo
para o papa.
No final do século XV os valdenses ainda estavam de pé. Suas forças estavam nos
vales dos Alpes. Tinham uma escola prática em Milão e de ramificações em zonas
distantes como a Calária e a Apúlia. Possuidores de um noviciado e de seminários
independentes, os valdenses punham em campo uma grande quantidade de
missionários itinerantes, os quais, conheciam de cor longas passagens dos
evangelhos e das epístolas.
Infelizmente muitos se ligaram com os hussitas na Boêmia e com os Lolardos na
Inglaterra. Isso degradou em muito a pureza de muitas igrejas valdenses, pois estas
igrejas, assim como as protestantes, pregavam uma fé que podia-se pegar em
armas para defender direitos. No século XVI a euforia da reforma também varreu
uma grande parte dos valdenses. Acredito que isso destruiu o grupo como
denominação. Alguns se aliaram com os luteranos na Alemanha, outros a Zuinglio
na Suiça, e uma grande parcela com Calvino. Os fiéis, que não se misturaram,
continuaram anabatistas puros. Até hoje existe algumas igrejas com o nome
denominacional “valdense”.
CAPITULO VII
OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
Tenho visto muitos historiadores da Igreja tentando responder erroneamente a
questão de onde vieram os anabatistas do século XVI. A resposta correta é simples:
Não vieram, já estavam. O movimento anabatista do século XVI é uma continuação
dos movimentos anabatistas que atravessaram toda a Idade Média.
Os costumes são iguais; a doutrina é a mesma; os membros tinham a mesma
característica diante da sociedade. O fato de sabermos mais sobre os anabatistas
do século XVI do que os anabatistas da Idade Média, não se deve ao fato de
estarmos incertos sobre a existência dos últimos. Deve-se ao fato de que agora já
tinham inventado a imprensa. E também, com a divisão do catolicismo no advento
da Reforma, teríamos informações oficiais de dois lados, o catolicismo e o
protestantismo. Além do que o século XVI está bem mais próximo de nossa época
que o século IV. Pense bem: O que você sabe sobre o papa Silvestre do século
IV? Quase nada. Que tal verificar na sua memória o que você sabe sobre Lutero,
Cabral, e outros que viveram no século XVI? Tenho certeza que as informações
sobre os últimos são bem mais amplas. Porque seria diferentes com os anabatistas?
A ORIGEM DOS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
Admitir que os anabatistas atravessaram toda a idade média, mesmo que levando
outros nomes, não é uma tarefa fácil. Para a igreja católica admitir isso ela estará
afirmando sua exclusão em 225, além do que, que não é a igreja mais antiga.
Para os protestantes - principalmente luteranos e presbiterianos - é dizer que não
foram seus patronos Lutero e Calvino os resgatadores da verdade.
Os anabatistas tem sua origem nas igrejas anabatistas que conseguiram escapar da
perseguição católica durante o período das Trevas, que vai desde século IV até o
século XVI. Apesar de terem outros apelidos além de anabatistas, estas igrejas eram
o verdadeiro cristianismo, e todas, sem exceção, eram chamadas de “anabatistas”.
SUAS CARACTERISTICAS ORGANIZACIONAL E DOUTRINÁRIA
O historiador A.G. Dickens, no seu livro A Reforma, pg 131- 140-141, faz um relato
muito significativo sobre a origem, organização e doutrina dos anabatistas do século
XVI. Ele não defende os anabatistas, mas também não pode negar o fato de serem
eles um grupo de cristãos totalmente diferente do catolicismo e protestantismo.
Eis o relato de Dickens: “Em que sentido pode o anabatismo ser chamado de um
movimento? Não podemos certamente falar de uma reforma anabatista como
falamos de uma reforma luterana, zuingliana ou calvinista. Os anabatistas não
tinham nenhum chefe espiritual, nenhum código de doutrina largamente aceito,
nenhum órgão central dirigente (eram independentes). Não influenciaram os
governos, não modelaram as sociedades nacionais, não conservaram uma
administração política. Nessa comunidade marginal (ao lado) de crentes, a disciplina
não limitava apenas ao batismo. A confissão de Schleitheim, um de seus
documentos mais largamente divulgados, redigida em 1527, talvez pelo mártir
Miguel Satler, reduz-se a sete artigos: O batismo, diz-se, só será concedido aos que
conheceram o arrependimento e mudaram de vida, e que entrem na ressurreição de
Jesus Cristo. Os que estão no erro não podem ser excomungados antes de
advertidos por três vezes, e isto deve-se fazer antes do partir o pão, de maneira que
uma igreja pura e unida se reuna. A ceia do Senhor é só para os batizados, e é um
serviço comemorativo.
Os membros devem deixar o culto papista (católico) e antipapista (protestante), não
tomarem parte dos negócios públicos (que eram na sua maioria imoral), renunciam a
guerra e as diabólicas e anticristãs arma de fogo. Os pastores devem ser
sustentados pelas congregações, afim de poderem ler as escrituras, assegurar a
disciplina da igreja e dirigir a oração. Se um pastor é expulso ou martirizado, deve
imediatamente ser substituído, e ordenado outro, para que o rebanho de Deus não
seja destruído. A espada destina-se aos magistrados temporais, a fim de poderem
castigar os maus, mas os cristãos não devem usá-la, mesmo em legítima defesa,
como também não devem recorrer à lei ou tomar o lugar dos magistrados.
São proibidos os juramentos.”
O estudante deste tratado pode comparar o elo que liga os anabatistas do século
XVI aos dos séculos anteriores e aos batistas. São o mesmo povo. Olhe bem para
os artigos de fé acima mencionados. Compare com as doutrinas dos batistas.
Existe alguma coisa que não está de acordo? São todos o mesmo povo.
Todos eram e devem ser verdadeiros seguidores das Escrituras Sagradas.
AS DIVISÕES ENTRE OS ANABATISTAS DO SÉCULO XVI
Muitos há que condenam o movimento anabatista do século XVI dizendo que eles
por algum tempo apelavam para a violência. Os que assim pensam se esquecem
que toda igreja tem seu lado ruim. Veja a Igreja de Jesus. Não havia lá o Judas?
Era Judas o verdadeiro representante da igreja ou um membro errado?
Sim, os anabatistas tiveram membros e pastores que não honravam suas doutrinas.
E eram justamente aqueles que estavam misturados com as revoluções luteranas,
calvinistas e zuinglianas. Foi o caso de Melchior. Dickens afirma no seu livro
A Reforma, pg 142 sobre ele:
“Pode-se dizer que a Confissão de Schleitheim, no seu conjunto, contém muitas
posições características e que era aceite pela maior parte dos anabatistas. Fora dela
havia muitos preceitos religiosos ou sociais não aceites por todos eles e sujeitos a
controvérsias. Doutrinas não incluídas na confissão eram rigorosamente sustentadas
por certas comunidades, como a cristologia Melchiorita.”
Para quem não sabe Melchior Hoffiman é acusado de ser anabatista e de fazer um
levante contra o Estado de Lutero na Alemanha. Dickens considera-o “sectários e
extremistas à margem do anabatismo” (A Reforma pg 143). O historiador Christian
diz que ele nunca foi um anabatista.
Hoje estamos vivendo uma situação parecida. São batistas aqueles que se dizem
batistas e não honram os artigos de fé bíblicos? São batistas os batistas que
acreditam na salvação pelas obras? São batistas os que acreditam na salvação pela
guarda do sábado? Porém na parede da frente de suas igrejas está escrito: Igreja
Batista. É batista quem realmente vive como um batista deve viver. Foi o caso dos
anabatistas do século XVI. Uma maçã podre não invalida as maçãs boas.
OS ANABATISTAS E LUTERO
Os anabatistas do século XVI e o reformador católico Martinho Lutero escreveram
uma página especial do cristianismo neste período. Quando Lutero iniciou o seu
movimento encontrou nos anabatistas um apoio antipapista. Tinham de comum o
fato de saberem que o papa era um servo de Satanás. Muitos anabatistas migraramse
para a Alemanha animados com o discurso antipapista de Lutero.
A decepção não demorou a chegar. Quando Lutero conseguiu o poder temporal ele
passou a perseguir os anabatistas. Primeiro usando discursos inflamados. Depois
usou a intimidação. E por fim, usou a força. Para decepção de muitos de seus
admiradores, Lutero não ficou devendo nada a nenhum papa em questão de
crueldade contra os anabatistas. Veja alguns relatos sobre a perseguição de Lutero
aos camponeses anabatistas feitas pelo escritor Stefan Zweig em seu livro
Os caminhos da Verdade, páginas 184 e 198:
“Lutero abraçava, sem restrições e definitivamente, a causa da autoridade contra o
povo. O asno, dizia ele, precisa de pauladas; a plebe deve ser governada com a
força...
Iniciava-se já a perseguição aos livres pensadores e aos dissidentes, instaurava-se
a ditadura do partidarismo... Arrancava-se a língua aos anabatistas, atenazavam-se
com ferros candentes e condenavam-se a fogueira como hereges os pregadores,
profanavam-se os templos, queimavam-se os livros e incendiavam-se as cidades.”
Lutero não pode ser visto como um defensor da causa de Deus. Tampouco alguém
que resgatou o direito de ler a Bíblia. Não, de forma alguma. Ditadores não são
homens de Deus. Homens que matam por causa de doutrina não são homens de
Deus. Não vemos Jesus arrancar a língua de ninguém para pregar o evangelho.
Porque então seus pregadores agiriam dessa forma? Lutero perseguiu os
anabatistas porque estes não se sujeitaram a seus caprichos de ditador.
Em Abril de 1525, por ordem de Lutero, o qual chegou a redigir um panfleto, numa
linguagem violenta contra os anabatistas, pediu que seus súditos colocassem fim na
desordem anabatista que atormentava o seu país. Naquele mês mais de cem mil
anabatistas morreram assassinados pelos soldados luteranos. Essa é a verdadeira
história sobre os anabatistas e Lutero.
OS ANABATISTAS E CALVINO
A relação entre Calvino e os anabatistas do século XVI não foram diferentes da que
houve com Lutero. Todo revolucionário tem a tendência de se tornar um ditador.
Aconteceu primeiro com Lutero na Alemanha. Pouco depois aconteceu com Calvino
na cidade de Genebra. Nos livros que temos sobre a reforma não se pode esconder
os atos de atrocidades que Calvino cometeu contra feiticeiros, humanistas e aos
anabatistas residentes em sua cidade. No livro O Cristianismo Através dos Séculos,
pg 254, diz que:
“Para garantir a eficácia de seu sistema (o sistema de uma cidade santa),
Calvino estabeleceu penalidades severas. Vinte oito pessoas foram executadas e
setenta e seis exiladas em 1546.”
Temos o relato de uma testemunha ocular dos fatos, chamado Sebastião Castellio,
que fora um pastor Calvinista e tornou-se depois um humanista, abandonando seu
ministério devido a evidencias tais quais temos a seguir:
“Revolta-me o exemplo de como se procede nesta cidade o emprego da violência
contra os anabatistas. Eu mesmo vi arrastarem para o cadafalso uma mulher de
oitenta anos com sua filha, esta mãe de seis filhos, que não cometeu outro crime
senão o de negar o batismo das crianças.” (Extraído do livro Uma Consciência
Contra a Violência, página 115).
Se Calvino fosse um homem de Deus certamente agiria como a Bíblia ensina.
Saberia que somente teremos uma cidade perfeita quando estivermos no céu.
Saberia conceder a liberdade religiosa a seus concidadãos. Saberia que lugar de
pastor não é no comando de cidades e sim conduzindo o seu rebanho.
Quem manda matar a mãe de seis crianças por não aceitarem o erro do batismo
infantil não pode ser um homem da dispensação da graça. Os verdadeiros batistas
não tem nada a ver com o calvinismo.
OS ANABATISTAS E ZUINGLIO
Zwinglio foi um grande reformador e da mesma época que Lutero. Zurique foi a
cidade que ele escolheu para fazer notório o seu movimento reformador.
Muitos anabatistas foram para lá pensando justamente na liberdade religiosa que os
reformadores pregavam antes de se tornarem cruéis ditadores. No começo houve
uma grande amizade entre os anabatistas (principalmente os valdenses) e os
simpatizantes de Zwinglio. Muitos anabatistas inclinaram-se para o zwinglianismo,
principalmente em setembro de 1532. Parece que a maioria dos valdenses seguiram
Zwinglio por este tempo. Mas foram decepcionados. Zwinglio aceitou a adesão dos
que queriam, mas condenou aqueles que não quiseram se juntar a ele.
Assim que Zurique ficou em suas mãos, Zwinglio iniciou uma perseguição contra os
indomáveis anabatistas. Por sua ordem o senado promulgou uma lei, segundo a
qual, aquele que se atrevesse a batizar alguém que tivesse sido batizado antes, na
infância, fosse afogado. Suas idéias se espalharam por todas as cidades suíças de
ascendência alemã, e consequentemente, nestes lugares, os anabatistas eram
afogados por batizarem seus membros.
PORQUE OS ANABATISTAS NÃO SE UNIRAM COM OS REFORMADORES?
Uma igreja que representa a pura doutrina deixada pelo Senhor Jesus não poderia
se unir com nenhum movimento reformador do século XVI.
Primeiro porque como o próprio nome diz, era uma reforma da igreja Católica.
Se queriam reformá-la é porque admitiam que ela era uma igreja de Jesus, quando
na verdade tinha deixado de ser desde 225.
Segundo porque quando os reformadores vieram da igreja Católica não houve entre
seus pastores iniciantes uma conversão de seus pecados. O que houve foi uma
convicção da parte deles de que a igreja católica estava errada.
Até os católicos tinham essa convicção.
Terceiro que, não se convertendo, também não foram e nem podiam ser batizados,
ordenança pela qual um crente professa publicamente que está aceitando Jesus e
sua Igreja. Se não foram batizados com que autoridade podiam ministrar o batismo
ou passar esta autoridade a outros?
As igrejas que saíram da reforma cometiam erros que jamais podiam ser aceitos
como sendo realizados pela igreja de Jesus. O primeiro é o batismo infantil.
Todas as igrejas da Reforma batizavam crianças recém-nascidas. A Igreja de Jesus
nunca realizou e nem permitiu o batismo infantil. O segundo erro é a formação de
uma igreja oficial. Por exemplo: Luterana na Alemanha; Anglicana na Inglaterra;
Presbiteriana na Escócia; Jesus nunca quis casar sua igreja com o Estado. Antes
ensinou: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
Terceiro é a formação de uma hierarquia dentro da igreja, colocando uma igreja
acima da outra e pastores comandando outros pastores.
O quarto erro é o uso de armas para impedir a liberdade religiosa e se meter em
guerras contra católicos. O quinto erro é o de praticarem o batismo por aspersão e
não por imersão. Por estes e outros motivos os anabatistas jamais poderiam ter se
aliado com as igrejas da reforma.
A OPNIÃO DE HISTORIADORES DA IGREJA SOBRE OS ANABATISTAS
Apesar de não concordar com os historiadores convencionais a respeito da história
dos anabatistas (pois eles tratam os tais como dissidentes e hereges), penso ser
importante a opinião destes homens sobre os anabatistas.
A opinião de A.G. Dickens, no livro a Reforma:
“Durante os últimos anos fizeram-se estudos que nos levam a ver com novo respeito
o sopro do idealismo cristão que alimentava os anabatistas. As horríveis crueldades
de que foram alvo por parte dos católicos e dos protestantes chocam mesmo
aqueles que os estudos dos costumes do século XVI endureceu... a maioria destes
sectários era constituída por homens sinceros e pacíficos, que teriam podido ser
dirigidos sem recorrer ao fogo e ao afogamento... Haveria muito a dizer, se nos
quiséssemos referir aos seus descendentes espirituais, as seitas do século XVII, da
Inglaterra e da Nova Inglaterra (os batistas e menonitas), e para podermos afirmar
que os anabatistas deram grande contribuição a liberdade religiosa e cívica.” (p.143)
“Uma revisão realista obriga-nos a acrescentar que nenhuma outra seita religiosa
mostrou maior heroísmo passivo, face à perseguição.” (página 141).
Quando afirmamos que os anabatistas são os sucessores autênticos dos apóstolos
não estamos idealizando uma fantasia. Estamos relatando uma verdade que jamais
será publicada nos livros de história eclesiástica.
CAPITULO VIII
QUEDA DO APELIDO ANABATISTA - SURGIMENTO DO APELIDO BATISTA
Na metade do século XVI, e no princípio do século XVII, há uma súbita queda do
apelido “anabatista” e o aparecimento rápido do apelido “batista” em toda a Europa.
Muitos procuram ligar a fundação das igrejas batistas na pessoa de John Smith
(morto em 1612). Grandes historiadores como Orchard e Christian já fizeram o favor
de desmentir essa teoria. Qualquer estudante da história das religiões, se agir com
sinceridade, descobrirá que os batistas são o fim dos anabatistas. Os batistas são a
junção de diversos grupos anabatistas em torno desse nome com a queda do prefixo
“ana”. E isso não aconteceu de repente ou de uma só vez. Foram necessário quase
um século para que a junção dos anabatistas ao nome batista fosse possível.
E só se tornou possível devido ao laborioso trabalho de resgate de pastores
itinerantes que, levantados por Deus, uniram os diversos grupos ao nome batista e
também, ao nome “menonita”.
POR QUE O APELIDO ANABATISTA CAIU?
Vimos que no inicio do século XVI, muitos anabatistas, iludidos com o aparecimento
de alguns lideres da reforma, saíram de seus esconderijos e foram habitar nas
cidades e povoações onde a reforma explodia. Não demorou muito e toda a Europa
Central foi minada com a chegada desses cristãos.
No sul da Alemanha, na Boêmia, na Suíça, na França, na Hungria e nos países
baixos, os anabatistas estavam fortemente organizados. Animados com a chance de
novamente poderem pregar publicamente - isso depois de 1200 anos - deixaram os
Pirineus e os Alpes e marcharam rumo ao norte da Europa.
O sucesso foi imediato. As conversões multiplicavam-se. A cidade de Estraburgo, na
França, chegou a ter mais de dez por cento de sua população anabatista.
Só na Morávia, o pastor Jacob Hutter, organizou mais de oitenta igrejas em menos
de dez anos. Hutter foi morto em 1526 pregando o evangelho. O pastor Hans Huth,
encadernador itinerante, estendeu o evangelho por numerosos países da Europa.
Abriu centenas de igrejas no sul da
Alemanha e na Austria. Em 1527 ele foi preso em Ausburgo, interrogado e
submetido a tortura; morreu no mesmo ano, devido a queimaduras publicamente
sujeitado. O pastor Hubmaier teve grande participação dos trabalhos na Morávia,
onde encontrou auditório e leitores para seus panfletos. Em 1528 ele foi queimado
na cidade de Viena. Sua esposa foi lançada ao Danúbio com uma grande pedra no
pescoço.
Cálculos menores indicam que só nos Países Baixos morreram mais de 30.000
anabatistas em menos de cinco anos de perseguição. A perseguição foi brutal e
desumana. Além dos casos mencionados acima temos um muito famoso: O martírio
de Miguel Satler. Este era um pastor batista. Sendo um homem de muita sabedoria,
coube a ele, em 1527, redigir a Confissão de Schleitheim, o credo anabatista.
Foi o documento mais largamente divulgado entre os anabatistas, o qual, como já
mencionamos, era um precioso resume dos artigos de fé das igrejas anabatistas e
posteriormente batistas. O ato lhe custou o martírio. No livro Breve História dos
Batistas, pg 59, temos um comentário extraído de sua sentença de morte:
“Miguel Satler deverá ser entregue ao carrasco. Este o levará até a praça e aí
primeiro lhe cortará a língua. Depois o amarrará a uma carroça e com tenazes
incandescentes tirará, por duas vezes, pedaços de seus corpo. Em seguida, a
caminho do lugar da execução fará isso cinco vezes mais e depois queimará seu
corpo até o pó como um arqui-herege”
Assim ele morreu. Quando já na fogueira, as chamas queimaram as cordas que lhe
prendiam as mãos, e ele levantou os dedos indicadores. Era o sinal combinado com
os irmãos anabatistas para indicar que os sofrimentos eram suportáveis.
Os anabatistas cresceram tanto no século XVI que despertou o ódio dos católicos e
protestantes. A ilusão de que a reforma os ajudaria transformou-se numa grande
desilusão. Os protestantes do norte da Europa fecharam-lhe as portas e iniciaram
um período de perseguição intimidadora, que visava apenas fazerem parar de
crescer. Não adiantou.
Continuaram a crescer. Foi Lutero, em 1525, que desencadeou uma perseguição em
massa. Essa perseguição atravessou as fronteriras da Alemanha e o apelido
“anabatista” tornou-se um sinônimo de morte. O historiador Dickens relata sobre
esse fato escrevendo um comentário de Bullinger, um escritor luterano
contemporâneo de Lutero: “Por toda a parte, tanto a católicos como a protestantes,
estes sangrentos sucessos - referindo-se a chacina causada por Lutero - serviram
de aviso. Deus abriu os olhos dos dirigentes, e de futuro ninguém poderá acreditar
num anabatista, mesmo nos que se dizem inocentes.”
Bullinger deixa claro o que Lutero fez aos anabatistas no dia 25 de Junho de 1535
na cidade de Munster ao chamar o ato de “sangrentos sucessos”. Sua ironia em
comentar o caso mostra que o reformador tinha pleno apoio de seus seguidores.
Além do que a opinião de Bullinger foi certeira no que se refere ao futuro difícil que
os anabatistas teriam pela frente. Após a chacina, até o ano de 1566, tanto católicos
como protestantes buscaram tenazmente a destruição das igrejas anabatistas.
Assustados os anabatistas começaram a deixar de usar este apelido. Sabiam que a
simples identificação como anabatista bastava-lhe para ser morto. A partir de 1533,
tanto católicos como protestantes resolveram que iriam exterminar o anabatismo.
Por isso eles se refugiaram pelos Países Baixos e já não podiam pregar
publicamente. Na busca pela sobrevivência espalharam-se como uma denominação
organizada. Alguns pastores, tentando evitar o martírio, mudavam-se de lugar e de
nome também. Os pastores mais famosos eram os mais procurados. Foi o caso de
João de Leida, que fugindo de Munster, instalou-se em Basiléia. Lá, gozando de
uma certa liberdade, trocou seu nome para David Joris, e pregava na
clandestinidade. Considerado o mais famigerado de todos os anabatistas, depois de
morto, seu corpo é retirado do túmulo e queimado junto com seu livro “Wonderboek”.
O que aconteceu a João de Leida foi a realidade de milhares de anabatistas do
mesmo período. Mas tinha um problema. Mudavam de lugar e de nome, porém,
como mudar de Senhor? Como não rebatizar os católicos e protestantes que eram
convertidos na clandestinidade? Por onde iam acabavam sendo descobertos pelo
fato de batizarem por imersão os seus membros. Foi assim que seus inimigos
começaram a chamá-los de “batizadores” ou “batistas”.
Earle Cairns, em seu livro O Cristianismo Através dos Séculos, página 248, afirma
que: “os anabatistas são os ancestrais diretos das igrejas menonitas e batistas hoje
espalhadas pelo mundo.”
O RESGATE DOS ANABATISTAS
Com a dispersão dos anabatistas muitos acabaram em lugares longínquos.
Foi preciso haver um “resgate” dos membros dispersos. Muitos anabatistas foram
encontrados e resgatados às fileiras da fé pela ação itinerante de pastores que
viajavam por toda a Europa em busca das ovelhas dispersas.
Veja o relato de Dickens:
“Sabe-se que durante estes anos (de 1536 a 1561) Menon Simon viaja
infatigavelmente através da Alemanha e dos Países Baixos, confirmando e
estendendo os grupos que haviam conseguido escapar à perseguição...
O pintor de Vitrais David Joris (morto em 1556) tornou-se também um outro
organizador itinerante. Foi finalmente obrigado a fugir para Basiléia, onde, escondido
durante largos anos, conseguiu evitar a fogueira.”
Assim fica claro que após a perseguição desencadeada de 1533 os anabatistas que
se dispersaram foram reagrupados por pastores itinerantes. Os resgatados por
Menon Simon - nem todos - acabaram sendo conhecidos por menonitas, e existem
como denominação até hoje. Os que foram resgatados por David Joris, e muitos
outros pastores anabatistas, ficaram sendo conhecidos como “batistas”.
A ÉPOCA DA MUDANÇA OFICIAL DO APELIDO ANABATISTA PARA BATISTA
A época exata da mudança do apelido anabatista para batista está entre os anos de
1533 até o ano de 1638. Temos relatos de que o nome batista era usado já no
século XVI, e também que o apelido anabatista ainda foi usado no século XVII. Para
se ter uma idéia clara sobre esse assunto basta o estudante lembrar que David
Joris, que morreu em 1556, agrupava os anabatistas em torno do nome “batista”.
Mas por outro lado, a primeira Igreja Batista dos Estados Unidos, em Rhode Island,
antes de ser chamada de batista era formada por crentes “anabatistas”, isso no ano
de 1638.
Relatos oficiais dos batistas norte-americanos nos informa que: Nos Estados Unidos,
na província de Rhod Island, foram fundadas as duas primeiras igrejas batistas da
América. Uma em 1638 e a outra em 1639. A primeira em Newport e a segunda em
Providence. A primeira, quando foi fundada em 1638 pelo pastor John Clark, foi
conhecida como “Igreja Anabatista”. Já em 1648, talvez pela tendência que todas as
igrejas anabatistas tomavam, eles já tinham mudado o nome para “Igreja Batista”.
A segunda igreja, de Providence, é na verdade filha da primeira. Roger Williams, um
de seus memoráveis fundadores, foi batizado por John Clark em 1638. Assim, a
autoridade da ministração do batismo dos batistas americanos foi concedida
diretamente de autênticos pastores anabatistas e que depois foram conhecidos
como batistas.
Também na Inglaterra, a primeira igreja tida oficialmente como “batista”, foi formada
por membros que receberam o batismo dos anabatistas resgatados por Menon
Simons. O nome do primeiro pastor desta igreja é Tomaz Hellys, convertido em
1612. Portanto, a partir de 1612 na Inglaterra e de 1638 nos Estados Unidos, já
estava definitivamente caído o prefixo “ana” dos anabatistas. Ficou somente a raiz
da palavra, “batistas”, apelido este que o precursor de Jesus já levava por seu
costume de batizar crentes arrependidos de seus pecados.
CAPITULO IX
OS BATISTAS
A história dos batistas coincide com o final da história anabatista do século XVI. Na
verdade é uma clara continuação das igrejas fiéis desde os tempos apostólicos até
hoje. Escritores há, que movidos de inveja, e até mesmo de uma certa ignorância do
caso, e outros, batistas, que não se importam com a origem de sua denominação,
desejam dar aos batistas um começo no século XVII. Para tanto distorcem a história
de algumas igrejas batistas, principalmente da Inglaterra, usando ora John Smith,
ora Tomas Hellys como fundadores do movimento. Sinto em informar aos que
concordam com essa idéia que estão errados ou mal intencionados a respeito da
origem e história dos batistas.
A ORIGEM DOS BATISTAS
Podíamos simplificar e dizer que os batistas se originaram com os apóstolos.
E é a pura verdade, pois, os apóstolos foram batistas, ou seja, batizavam. Mas os
batistas tem sua origem nas igrejas antes denominadas de “anabatistas”. É uma
continuação do apelido. A única coisa que muda é o prefixo “ana”, e este não caiu
de uma hora para outra, foi um processo que levou quase cem anos para acontecer.
A prova disso é a declaração do bispo Hosius, no concílio de Trento que chamou os
anabatistas de “batistas”, já em 1554. E nos Estados Unidos, a Igreja Anabatista de
Newport foi fundada em 1639, e dez anos depois mudaria seu nome para igreja
batista de Newport. Portanto, são 85 anos de transição de um nome para o outro.
O fundador da Igreja Batista foi Jesus Cristo. Continuada pelos apóstolos ela teve
uma grande ruptura em 225, quando as igrejas infiéis precisaram ser excluídas - que
eram os católicos romanos e ortodoxos. Outra ruptura veio em 313, quando muitas
igrejas fiéis aceitaram se unir com o Estado. Foram os batistas massacrados pelas
igrejas infiéis durante treze séculos, tendo como apelido mais comum o epíteto de
“anabatistas”. No século XVII ela tem novo apelido, que é o de batista. Continuou
sendo perseguida e só teve paz no século XVIII. Foi a partir dessa época que ela
realmente conseguiu uma certa liberdade e cresceu, chegando hoje a milhões de
adeptos espalhados em mais de duzentos países. Foi a primeira denominação a
lançar um missionário na era moderna com William Carey. Foi a primeira
denominação a requerer liberdade religiosa a todas as denominações.
É e continuará sendo uma igreja que segue princípios puramente bíblicos, os
mesmos princípios dos seus antepassados anabatistas, os quais herdaram os
princípios das igrejas apostólicas.
A DECLARAÇÃO DE ESCRITORES NÃO BATISTAS SOBRE SUA ORIGEM
O Cardeal Hosius, católico, 1554, presidente do Concilio de Trento, escreveu:
(Orchard s History Baptist, seção 12, parte 30, página 364)
“Não fosse o fato de terem os batistas sido penosamente atormentados e
apunhalados durante os doze últimos séculos e eles seriam mais numerosos mesmo
que todos os que vieram da Reforma”.
Notem que a data é de 1554, ou seja, quase setenta anos a menos que os escritores
errados afirmam o início da primeira igreja batista. Este bispo já chamava os
anabatistas de batistas, e para ser bem sincero, é mesma coisa na prática religiosa.
Sou batista porque? Porque batizo todas as pessoas que desejam fazer parte de
uma igreja batista. Eles eram anabatistas porque? Porque rebatizavam os católicos.
Não é de fato a mesma coisa?
Outra coisa interessante dessa declaração (e é preciso lembrar que foi o presidente
de um concílio católico que durou de 1545 até 1563) foi o fato de Hosius mencionar
a data de quanto tempo eles já haviam sido perseguidos, ou seja, doze séculos
antes desta data. Então, 1554, menos 1200 anos, é igual a 324, data do início da
perseguição das igrejas fiéis (ou anabatistas) pelas igrejas infiéis ou erradas
(os católicos).
Note que ele não diz a data da origem dos batistas. Diz a data da origem da
perseguição que eles sofreram. A data, como já dissemos, está primeiramente em
Jesus, e depois na exclusão das igrejas infiéis em 225.
O bispo Hosius também faz uma diferença clara entre “batistas” e os que “vieram da
Reforma”. Hosius sabia muito bem que os batistas não eram reformistas nem
protestantes. Eram a igreja original, não poluída, não dividida, a verdadeira igreja do
Nosso Senhor Jesus Cristo.
Moshein, um dos maiores escritores da história luterana, testifica:
(Eccl. Hist. Cent. 16, secção 3, parte 2, capítulo III. Fuller Church History B.4)
“Antes de se levantarem Lutero e Calvino, estavam ocultas, em quase todos os
países da Europa, pessoas que seguiam tenazmente os princípios dos modernos
Batistas Holandeses”.
“Vasto número dessa gente, em quase todos os países da Europa, preferiam
perecer miseravelmente por afogamento, fogueira ou decapitação, do que renunciar
as opiniões que abraçaram... É realmente verdade que muitos anabatistas foram
mortos, não por serem maus cidadãos, nem membros malfazejos da sociedade civil,
mas apenas por serem hereges incuráveis, condenados pelas antigas leis
canônicas. Pois o erro de batismo de adultos era, naquela época, considerado uma
ofensa terrível”
Esta declaração é muito útil porque vem de um autentico protestante. Já que muitos
gostam de afirmar que os batistas são protestantes, esse protestante, um luterano,
está afirmando que os batistas já existiam antes de se levantarem Lutero e Calvino.
Enciclopédia de Endinburg (autor presbiteriano).
“Nossos leitores percebem agora que os batistas são a mesma seita dos cristãos
que antes foram descritos como Anabatistas. Realmente parece ter sido o seu
princípio dominante desde o tempo de Tertuliano até o presente”.
Apesar de chamar os batistas de “seita”, este presbiteriano, querendo uma
veracidade de datas em sua narração da origem dos batistas, não pode negar de
onde eles surgiram, ou seja, das igrejas anabatistas. Ele é firme em afirmar que “são
a mesma seita”, para nós, a mesma igreja. Além do que ele data sua origem na
pessoa de Tertuliano (160-230 d.C.). Essa é a data que este tratado dá para o
aparecimento do primeiro grupo de anabatistas - os montanistas, em cerca de 160
(ver página 11 sobre os montanistas).
Sir Isaque Newton, 1710, escreveu.
“Os batistas são o único corpo de cristãos que nunca tiveram similitudes com Roma”.
Este anglicano, um grande inventor, nada tem a ver com a história da religião.
O que vale a pena ressaltar é a data de sua declaração e a firmeza em que ele
separa os batistas como a única igreja que não saiu de Roma.
Nessa época havia mais cinco denominações reconhecidas: Luteranos, Anglicanos,
Congregacionais, Presbiterianos e Ortodoxos.
Não existe dúvida. Os batistas são a continuação das igrejas fiéis (ou anabatistas)
que excluíram as igrejas infiéis (ou católicas) em 225. Sua origem é esta. Somente
os opositores, e os batistas ecumênicos, serão contrários a esta tão grande
realidade.
Enciclopédia Britanica Barsa, relata:
“Esse nome é uma forma abreviada da palavra anabatista. É um nome dado pelos
seus adversários as várias seitas que negavam a validade dos batismo das
crianças”.
PERSEGUIÇÃO AOS BATISTAS
A história dos batistas é toda regada com o sangue dos seus mártires.
Da mesma forma que seus antepassados, os mártires pós-apóstolicos, sofreram nas
mãos do império e dos judeus, colocando-os nas prisões e nas arenas para serem
engolidos pelos leões, e também seus antecessores, os anabatistas, sofreram toda
sorte de atrocidades e torturas nas mãos dos católicos, os batistas sofreram horrores
nas mãos dos católicos e protestantes por um longo período de tempo.
Onde uma igreja batista era descoberta ou estabelecida, logo vinha a perseguição, e
com ela a morte dos batistas.
A Perseguição na Inglaterra
Até o ano de 1534 a Inglaterra foi um país católico. A partir desta data, liderados
pelo rei Henrique VIII, os ingleses passaram a ser protestantes, mais precisamente
pertencentes a Igreja da Inglaterra, conhecida como Episcopal ou Anglicana.
Os templos católicos tornaram-se templos anglicanos. Padres foram muitas vezes
transformados em pastores. O batismo foi o mesmo dos católicos, infantil e por
aspersão. Os batistas, vendo tanta coisa errada, nunca aceitaram a igreja anglicana
como uma igreja de Jesus. Seus pastores batizavam todos os que vinham do
catolicismo ou do anglicanismo. Isso pareceu ruim aos olhos do rei e dos pastores
anglicanos. Por isso ficou resolvido pelos anglicanos que os batistas precisavam
morrer.
Muitos pastores e membros das igrejas batistas foram cruelmente mortos pela igreja
anglicana. De 1534 até 1688 a igreja anglicana comandou o ato de intolerância
contra as igrejas batistas. Foi nesta época que viveu John Bunyan. Neste período a
perseguição era geral. As igrejas batistas não tinham o direito legal de existir, e
quando descobertas, eram fechadas e destruídas. Não é por um acaso que muitas
igrejas batistas, tanto na Inglaterra como no País de Gales, mudavam-se
inteiramente para a América do Norte.
A partir de 1688 foi permitido aos batistas realizarem seus cultos publicamente, sem
é claro, atormentar a igreja anglicana. Isso era coisa impossível aos batistas.
Como pregar Jesus sem mostrar o pecado? Como ensinar a Bíblia sem mostrar o
erro? O ensinamento da Bíblia, foi, muitas vezes, o fator principal das perseguições
contra os pastores batistas. Apesar dessa tolerância era negado aos batistas o
direito de ter acesso a cargos públicos, bem como ao parlamento. Somente em 1818
foram os batistas munidos deste direito. Mesmo assim não eram considerados
válidos o registro de nascimento (pois negavam dar suas criancinhas ao batismo
anglicano), e o registro de casamento (pois não casavam-se diante de um pastor
anglicano e numa igreja anglicana). A intolerância do registro de nascimento só foi
revogada em 1836, e a de casamento em 1844. Porém ainda não podiam ser
aceitos nas Universidades de Cambridge e Oxford. Até este tempo os filhos dos
dissidentes não possuíam o direito de acesso em nenhuma das grandes instituições.
O ato de libertação veio somente no ano de 1854.
Alguns escritores tem revelado ao mundo um pouco das atrocidades sofridas pelos
batistas nas mãos dos católicos e dos protestantes da Inglaterra. O Missionário W.C.
Taylor relata no Manual das Igrejas Batistas, pg 149-151, que:
“Desde o século XII até o século XVII, muitos batistas sofreram perseguição e morte
por meio da fogueira, do afogamento, da decapitação, além de outros métodos, que
algumas vezes importavam em torturas desumanas. E isso sofreram dos papistas
como dos protestantes...”
“Escreve Brande que: No ano de 1538, trinta e um batistas, que haviam fugido da
Inglaterra, foram executados em Delf, na Holanda; os homens foram decapitados, e
as mulheres foram afogadas (History of Reformers pg 303)...”
“O bispo Latimer declara que: Os batistas que foram queimados em diferentes
partes do reino, seguiam para a morte intrepidamente, sem qualquer temor, durante
o tempo de Henrique VIII. (Neals History of Puritans, V. III, pg 356)...”
“O Dr. Featley, um dos seus mais figadais inimigos, escreveu a respeito deles, em
1633: Essa seita, entre outras, até agora tem presumido da paciência do Estado, a
ponto de organizar convenções semanais, rebatizar centenas de homens e mulheres
juntos, de madrugada, em riachos, e em alguns braços do Tamisa e noutros lugares,
imergindo-os completamente. Tem imprimido diversos panfletos em defesa de sua
heresia; sim, e tem desafiado alguns de nossos pregadores a disputa.
(Eng. Bapt. Jubilee Memor. Benedicts Hist. Baptist, pg 304).” Das muitas histórias de
pastores e igrejas batistas perseguidos na Inglaterra durante os anos de 1534 a
1688, há uma que até hoje tem comovido o mundo todo.
É a história do pastor John Bunyan, ganho para Cristo após o árduo trabalho de sua
esposa (uma batista), que lhe trazia a Bíblia e livros para ler. Em 1653 ele batizado
foi pela Igreja de Bedford.
Desde então sua vida é um exemplo de fé e firmeza nas tribulações. O relato abaixo
foi extraído do livro “A História das Religiões”, de Cherles Francis Pother, páginas
468-469, de 1944:
“Pregava havia já quatro anos quando Carlos II subiu ao trono na Inglaterra e
restaurou o episcopalismo. Os pregadores puritanos teriam de conformar-se ou
suspender os sermões. John Bunyan recusou-se a obedecer, sendo condenado a
doze anos de prisão.
Lograria a soltura em qualquer tempo desde que se comprometesse a não mais
pregar, mas dizia com desassombro que, uma vez livre, pregaria na primeira
oportunidade. Não o demoveu fome da esposa e dos filhos, sendo um deles uma
menina, cega. Conseguiu ganhar algum dinheiro na cadeia fabricando cadarço
compridos de fio de linho de pontas rematadas, os quais eram vendidos por sua
filhinha cega.
Até na prisão Bunyan pregava aos companheiros. Tinha consigo apenas dois livros:
Livro dos Martires, de Fox, e a Bíblia. Veio então grande inspiração e escreveu
O Peregrino.
Promulgada a declaração de indulgencias, foi Bunyan posto em liberdade, e logo
depois eleito pastor de sua velha igreja. Três anos depois a declaração foi renovada,
voltando Bunyan para a prisão por ser pastor não conformista”.
John Bunyan não foi o único. Simplesmente é o mais conhecido. Antes de Bunyan
muitos batistas padeceram o martírio. Tomas Hellys por exemplo, apenas três anos
após a fundação da Igreja Batista de Spitalfields, em 1612, foi martirizado a mandato
dos bispos anglicanos em 1615.
John Smith, outro fundador de igrejas batistas, e um autentico anabatista por ter sido
batizado na época em que as igrejas batistas ainda eram chamadas por esse
epíteto, foi martirizado em 1612, apenas três anos após da fundação de sua primeira
igreja. Edward Wightman, de Burton-sobre-o-Tento, condenado pelo bispo de
Coventry, foi queimado em Litchfield, a 11 de Abril de 1612. Estes são alguns dos
muitos casos de pastores ou membros batistas mortos por católicos e protestantes.
A Perseguição na Nova Inglaterra (Estados Unidos).
Como as perseguições na Inglaterra estavam aumento no período de 1534 a 1688,
foi o jeito de muitos anabatistas-batistas deixarem este país e rumarem para os
Estados Unidos. Viam na América uma nova Canaã. E acertaram. Muitos pastores
pregavam a emigração em massa. Igrejas inteiras foram transferidas da Inglaterra e
do País de Gales para os Estados Unidos.
O primeiro grupo de batistas a emigrarem ainda eram conhecidos como anabatistas.
Veja o relato do livro “A História das Religiões” página 489:
“Um outro grupo correu para Providence, logo nos primórdios da existência deste
centro, não só foi bem acolhido por Roger Williams, como logrou sua adesão. Este
grupo era o dos Anabatistas, ou como são mais conhecidos, batistas”.
Provavelmente esse grupo veio junto com os puritanos do Mayflower em 1620.
Mas descobertos pelos puritanos de Boston foram expulsos de lá em pleno inverno
rigoroso de 1638. Negavam-se a entregar suas crianças para o batismo infantil dos
presbiterianos e dos congregacionalistas. Encontraram em Roade Island um abrigo
para sua fé. Formaram uma igreja anabatista em Newport neste mesmo ano. No ano
seguinte fundaram uma igreja batista em Providence. Tinham como pastor John
Clark, um homem de princípios e verdadeiro baluarte da fé. Também é desta igreja o
conhecido Obadias Holmes, que foi o sucessor de John Clark no ministério.
O pastor J.M. Carrol, no seu livro O Rasto de Sangue, página 47, assim narra as
perseguições sofridas por Holmes e seus companheiros diante da Igreja
Congregacional em Massachussets Bay:
“Com respeito às perseguições em algumas das colônias americanas vamos
mencionar alguns exemplos. De certa feita, estava enfermo um dos membros da
Igreja de John Clark. A família morava na Colônia e um pregador visitante de nome
Crandall e um leigo de nome Obadias Holmes, foram visitar a família enferma.
Enquanto eles estavam realizando um culto de oração com a família doente, um
oficial ou oficiais da colônia prenderam-nos e mais tarde foram apresentados
perante o tribunal para serem processados. Também está dito na história que para
arranjar uma acusação mais forte contra eles, foram levados para uma reunião
religiosa da Igreja Congregacional, tendo as mãos amarradas. A acusação deles foi
a de não tirarem seus chapéus num serviço religioso.
Todos foram processados e condenados. O governador Endicott está presente.
Zangado disse a Clark, durante o julgamento: - Tendes negado o batismo infantil
(isto não era acusação contra eles). - Mereceis morrer. Não quero um traste deste
na minha jurisdição. Como pena deviam pagar uma multa ou serem açoitados.
A multa de Crandall (o visitante) foi de cinco libras; A pena de Clark foi de 20 libras;
A multa de Holmes (os registros dizem que ele foi congregacional antes de se tornar
um batista) foi de 30 libras. As multas de Clark e Crandall foram pagas por amigos.
Holmes recusou igual obséquio alegando que não havia errado, razão porque foi
bastante chicoteado. Os arquivos dizem que ele se despira até a cintura e que foi
açoitado (com chicote tipo especial) até que o sangue lhe cobriu as costas,
descendo pelas pernas até lhe encher os sapatos! “
O Dr. J.M. Carrol ainda relata outra história de perseguições sofridas pelos batistas
na América, e desta feita o perseguido o pastor Jaime Ireland, página 49:
“A Virgínia foi o segundo lugar no mundo onde a liberdade religiosa foi adotada,
seguindo a Rhode Island. Mas isto foi um século mais tarde. Antes disto, cerca de
trinta pregadores em tempos diferentes foram presos, tendo como única acusação
contra si o fato de pregarem o Evangelho do Filho de Deus. Jayme Ireland é um
exemplo. Ele foi preso... Depois disto os seus inimigos tentaram matá-lo a pólvora.
Tendo falhado neste primeiro esforço quiseram sufocá-lo até a morte, usando
enxofre, que ardia sob as janelas da prisão. Tendo falhado outra vez, tentaram
envenená-lo com o auxílio de um médico. Tudo falhou.
E Ireland continuou a pregar para o seu povo das janelas da prisão. Um muro foi
construído em redor da cela para impedir que o povo o visse ou fosse visto por ele,
mas esta dificuldade foi vencida. O povo amarrou um lenço à ponta de uma
comprida vara a qual era levantada para mostrar a Ireland que todos estavam
reunidos. As pregações continuaram.”
Hoje os Estados Unidos é o país mais evangelizado do mundo. Os batistas são o
maior corpo denominacional do país, com milhões e milhões de adeptos
esparramados em todo canto das terras americanas. Mas nem sempre foi assim.
A liberdade aos batistas só veio em plena pujança no século XVIII. O Dr. J.M. Carrol
traça um exemplo de como o Estado da Virgínia chegou dar liberdade religiosa aos
batistas, página 49:
“Em Virginia foi promulgada uma lei dando permissão aos municípios de terem um
pastor batista, mas somente um. O pastor poderia pregar uma só vez de dois em
dois meses. Mais tarde esta lei foi modificada permitindo a pregação uma vez cada
mês. Mais ainda assim em um só lugar do Município e um único sermão naquele dia
mas nunca pregado à noite. Outras leis foram passadas não somente na Virgínia,
mas em outros lugares, proibindo qualquer trabalho missionário”.
Hoje muitos desprezam o sentido denominacional dos batistas. Eles se esquecem
que se hoje a Bíblia pode ser lida com liberdade é fruto de um laborioso trabalho de
persistência dos batistas, sim, daqueles pastores que deram seu sangue para
podermos receber a Bíblia, o livre direito de culto e o correto ensino das escrituras.
Dependesse de Calvino e Lutero estaríamos presos às correntes da escravidão
protestante que varreu o norte da Europa. Dependesse do catolicismo estaríamos
presos às correntes da escravidão e idolatria que sempre habitou no Sul da Europa
e de lá foi transportada para as Américas.
O TRABALHO MISSIONÁRIO DOS BATISTAS
Não podemos chamar a vinda dos batistas ingleses para a América como uma obra
missionária. Podemos chamá-la de uma emigração. Dois fatores contribuíram para
uma demora de uma organização missionária dos batistas. Primeiro que a Inglaterra
era um país com grande influencia no mundo. Aparentemente isso poderia ajudar na
obra missionária dos batistas. Mas é só nas aparências.
Sua influencia podia ajudar os anglicanos e posteriormente os metodistas. Já os
batistas não impunham a sua fé a ninguém. Aos batistas importava propor e não
impor o evangelho aos países conquistados pelos ingleses. Devido a antipatia dos
morados nativos pelos ingleses as missões tipo da dos batistas era muito difícil.
O segundo fator era a pobreza que pairava nas igrejas batistas. Com seus direitos
civis cassados a maioria dos seus membros era gente pobre e humilde.
Mesmo assim, enfrentando todos estes obstáculos, cabe aos batistas o troféu de
serem a primeira denominação cristã a enviar um missionário na Era Moderna.
MISSÕES BATISTAS NA ÍNDIA
No final do século XVIII, o elemento humano usado por Deus para o início da obra
missionária foi um jovem pastor chamado William Carey. Ele foi mencionado no livro
Instituições Religiosas, pg 103, onde se lê:
“Os batistas ingleses foram os primeiros, como William Carey, a organizar, em 1792,
missões em países não cristãos (África, China, Índia) por intermédio da Baptist
Missionary Sociat”. Era ele sapateiro de profissão, mas como tinha intensa
curiosidade intelectual, extraordinária vontade de pregar, logo se tornou conhecido
das igrejas e foi ordenado ao ministério batista. Como as igrejas que pastoreavam
eram pobres e não podiam dar sustento integral, permaneceu durante algum tempo
como sapateiro. Junto a sua banca de sapateiro tinha mapas, por ele mesmo
confeccionados, em que fitava constantemente os países do mundo até onde o
evangelho não tinha chegado. Sentia profundo amor no coração pelos pagãos que
estavam morrendo sem Cristo. Finalmente conseguiu transmitir suas preocupações
a diversos colegas de ministério, e assim foi fundada, em 1791, uma sociedade
missionária.
William Carey foi nomeado missionário, juntamente com John Thomas e em 1793
seguiram para a Índia. A ida de Carey para as Índias não agradou os comerciantes
ingleses. Estes não viam com bons olhos a obra dos missionários, porque temiam
que, convertendo-se ao cristianismo, os índios se tornassem menos fáceis de serem
explorados. A companhia das Índias tudo fez para prejudicar os missionários e,
finalmente, conseguiu um decreto pelo qual não era permitido mais o embarque de
missionários da Inglaterra para a Índia. Nada impedia, entretanto, que os candidatos
a obra missionária embarcassem para a América e de lá, para a Índia. Foi o que
fizeram. Na América, entretanto, enquanto esperavam navios que os levassem à
Índia, punham-se em contato com as igrejas batistas norte-americanas, e esse
contato incentivou a realização de um trabalho missionário próprio dessas igrejas.
MISSÕES BATISTAS NA BIRMANIA
As Índias não foram o único alvo missionário dos batistas. William Ward,
companheiro de Carey, encontrou com um missionário Congregacionalista no navio
para as Índias. Admirado da fé de William, o missionário Adoniram Judson e sua
esposa Ana, converteram-se e foram batizados. Naquele tempo a maioria dos
batistas faziam a coisa certa, davam muita consideração à forma, ao desígnio, ao
candidato, e ao administrante de um batismo. Coisa semelhante aconteceu com
outro pastor congregacionalista, Luther Rice, que também no navio converteu-se
juntamente com Adoniram e foi batizado. Assim, em 1813, Adoniram foi para a Índia,
e seguiu um pouco além para a Birmania, onde se tornou um grande missionário.
Sua história pode ser encontrada em livros como “Ana de Ava”, uma autobiografia
do trabalho feito pela sua própria esposa.
Adoniram Judson, além de missionário foi também um homem “das letras”.
Fez um dicionário birmanes e traduziu a Bíblia para esse idioma.
A UNIÃO DAS IGREJAS BATISTAS EM PROL DAS MISSÕES
Luter Rice voltou aos Estados Unidos, onde pediu ajuda das igrejas batistas da
América para se sustentar. Seu pedido foi prontamente atendido, e o maravilhoso
trabalho desempenhado por Judson e Rice fizeram que as igrejas batistas se
organizassem numa Associação para poderem melhor atender as necessidades dos
missionários, como também para a formação de novos missionários americanos.
Essa associação foi denominada Convenção Geral da Denominação Batista nos
Estados Unidos para Missões no Estrangeiro. Não podemos confundi-la com as
atuais convenções batistas hoje existentes nos Estados Unidos. Esta missão tinha
um sentido puramente missionário. Visava os missionários. Era uma coisa simples e
quando deixou de existir (foi substituída por outra) contava com 99 missionários no
estrangeiro e 82 igrejas organizadas.
A Sociedade fundada por William Carey não era exatamente uma cooperativa de
igrejas. Era uma sociedade onde pessoas se juntavam para mandar missionários.
A de Carey tinha doze pessoas quando foi fundada.
O TRABALHO MISSIONÁRIO BATISTA NOS DIAS ATUAIS
Atualmente existem várias convenções e missões batistas organizadas em prol da
evangelização dos perdidos. A maior de todas é a Convenção Batista do Sul dos
Estados Unidos. Todas elas tem desempenhado um papel importante em abrir
novos trabalhos batista pelo mundo. Para poderem melhor se organizarem e melhor
organizarem seus trabalhos foi formada a Aliança Batista Mundial em 1905.
A intenção inicial era a de ligar as igrejas batistas numa cooperativa de igrejas que
juntam-se para realizarem trabalhos missionários e outras atividades adjacentes.
Porém a existência da Aliança Batista Mundial é uma faca de dois gumes.
Por um lado é bom, pois dá oportunidade de convenções se unirem e juntarem
forças para trabalhos mais complicados. Também é bom para que cada convenção
ou missão se conheça melhor. A Bíblia diz que é melhor serem dois do que um, e
uma liga de três não se quebra tão facilmente. Muitos trabalhos missionários, em
lugares estratégicos, tem sido abertos e sustentados pela Aliança.
Não podemos deixar de dizer o quanto isso é maravilhoso diante dos olhos de Deus.
Por outro lado causa um certo temor. Muitos batistas errados estão infiltrados nesta
Aliança. Não dá para saber quem é quem. Outro fator negativo é que o trabalho
algumas vezes é direcionado para o lado ecumênico, o que faz o nome Batista estar
ajuntado com outras denominações erradas e antibíblicas. Outro lado ruim é a visão
missionária da Aliança. Muitas vezes, na intenção de formar organizações paraeclesiásticas,
o trabalho missionário fica em segundo plano.
Afora as convenções e missões existentes, os batistas tem o privilégio de terem
muitos pastores independentes. São missionários enviados por igrejas não filiadas a
uma missão ou convenção. Não são poucos no Brasil, e estão espalhados em
diversos pontos do mundo. A forma mais original dos batistas estão bem
exemplificados no comportamento e nas igrejas edificadas por estes pastores.
O fruto destes é um fruto permanente, e Deus tem certamente um plano especial
para esta forma primitiva de ser cristão, e quem sabe o resgate da denominação
num futuro próximo. Da mesma forma que as muitas convenções se gabam de ter
grandes homens que trabalharam para o Senhor, os independentes muito mais,
pois, cada missionário independente tem que ser homem de muita coragem e de
muita fé no Senhor Jesus.
CAPITULO X
A HISTÓRIA DAS IGREJAS ERRADAS APÓS A EXCLUSÃO
Como dissemos a história das igrejas erradas diferem muito da história das igrejas
fiéis. Assim como os fiéis que foram apelidados de “anabatistas” elas também
tiveram um apelido. Foram conhecidos por Católicos.
O Catolicismo Original
Em nosso país se conhece apenas o catolicismo romano. No entanto ele não é o
único nem primeiro. O catolicismo primitivo foi uma organização eclesiástica a qual
pertenciam várias igrejas. Estas igrejas estavam espalhadas por todo o Império
Romano. Após a morte dos apóstolos muitas igrejas sofreram a influencia maligna
do paganismo. Seus membros, instigados pelos falsos pastores, foram vítimas de
ensinamentos errados a respeito da autoridade de Cristo sobre sua igreja e também
a respeito de como se chegar até o céu. Tais pastores desviaram grandes igrejas
sendo que muitas delas um dia foram grandes baluartes da fé. A própria igreja de
Roma é um exemplo. O apóstolo Paulo chegou a escrever uma carta a esta igreja.
Porém, devido ao mau uso do púlpito, os falsos pastores desviaram completamente
o rebanho, Devido terem aceitado heresias estas igrejas foram excluídas pelas
igrejas fiéis em 225.
Igreja Católica significa “Igreja Universal”. E apesar deste apelido ter sido usado pela
primeira vez em 170 pelo bispo de Cartago, referindo-se a todas as igrejas cristãs,
ela não tinha a idealização que tem hoje. Este nome começou a ganhar força a partir
de 313 quando as igrejas erradas aceitaram ser servas do imperador. Aí sim ficou
decidido que a igreja tinha que ser Universal. Tornou-se tão Universal que quem não
pertencesse a ela seria punido com a morte. Este pensamento fez com que estas
igrejas enchessem suas fileiras de pessoas não convertidas. Em algumas épocas a
conversão chegou a ser nacional e não pessoal. Se o rei do país tornasse católico
ele obrigava todo seu povo a ser católico também. O evangelho a partir de 313
deixou de ser proposto para ser imposto sobre todos os moradores do Império
Romano.
O catolicismo original contava com cinco patriarcados (ou igrejas mais importantes).
Eram eles: Jerusalém, Roma, Constantinopla, Antioquia e Alexandria.
Estas cinco igrejas brigavam entre si para ver qual delas teria a primazia sobre as
demais. Esse quadro começou a mudar com o advento do islamismo.
A nova religião praticamente destruiu a importância de três patriarcados: Jerusalém,
Antioquia e Alexandria. Isso polarizou o catolicismo em duas grandes correntes.
A corrente grega reunia sobre sua autoridade as igrejas do Oriente e foram lideradas
pela igreja de Constantinopla. Já a corrente latina reunia sobre a sua autoridade as
igrejas do ocidente e foram lideradas pela igreja de Roma. Essas duas igrejas foram
rivais até o século IX. Nesse tempo o catolicismo se dividiu.
A Divisão do Catolicismo
No ano de 869 os bispos de Roma e Constantinopla tiveram um grande atrito entre
eles. No final da confusão os pastores de Roma e Constantinopla se excomungaram
mutuamente. Desde este dia estas duas igrejas se separaram e até hoje existe dois
tipos de Catolicismo. O Catolicismo Oriental - representado pelas igrejas de rito
grego - também chamado de Igreja Ortodoxa Grega; e o Catolicismo Ocidental -
representado pelas igrejas de rito latino - também conhecido como Igreja Católica
Apostólica Romana.
Algumas Diferenças dos Dois Catolicismos
A infalibilidade papal e a supremacia universal da jurisdição de Roma constituem a
diferença essencial, que a igreja ortodoxa não admite, pois ferem a santa escritura;
A sagrada escritura e a santa tradição representam o mesmo valor como fonte de
revelação, segundo a igreja ortodoxa. A romana, no entanto, considera a tradição
mais importante que a sagrada escritura.
A virgem Maria, igual as demais criaturas, foi concebida em estado de pecado
original. A igreja romana, em 1854, proclamou o dogma de fé a Imaculada conceição
da Virgem Maria.
Os sacerdotes ortodoxos podem optar livremente entre o celibato e o matrimonio.
A Igreja Ortodoxa só admite ícones nos templos e o batismo é por imersão - mas é
infantil.
Na Igreja ortodoxa não existem as devoções ao sagrado coração de Jesus,
Corpus Christi, Via Crucis, Rosário, Cristo Rei, Imaculada Conceição, Coração de
Maria entre outras.
Na igreja ortodoxa o chefe principal é chamado de Patriarca e ele deve-se submeter
a decisão do Santo Sínodo Ecumênico, que compõe todos os patriarcas chefes das
Igrejas Autônomas.
Na Igreja Romana o chefe principal é chamado de Papa e a ele se submete toda
igreja.
A igreja Ortodoxa segue o ritmo do Catolicismo original compondo-se de diversas
igrejas autônomas e nacionais (Ex. Igreja da Rússia, Igreja da Armênia, Igreja
Copta). Já a igreja Romana considera-se uma igreja Una, sendo ela mãe e não igual
a todas as outras igrejas.
A Igreja Católica Realmente Precisava ser excluída em 225?
Pode parecer maldade das igrejas fiéis o fato de terem excluídos de sua comunhão
as igrejas erradas em 225. Mas os fatos que se sucederam mostraram que as
igrejas fiéis realmente tinham razão.
A primeira razão está no espírito que as movia. Não era o espírito de Deus.
Seus pastores geralmente eram homens cruéis e sanguinários. Os papas foram os
maiores perseguidores das igrejas fiéis que o mundo conheceu. Por mais de 1300
anos perseguiram e mataram cruelmente os membros das igrejas fiéis.
Com a introdução do batismo infantil seus membros acabaram todos sendo cristãos
sem precisarem se converter de seus pecados.
Na questão doutrinária os erros aumentam ainda mais. Os dois primeiros erros –
formação da hierarquia e salvação pelo batismo- logo foram seguidos por muitos
outros. Para que os bárbaros, acostumados com os cultos às imagens, pudessem
realmente serem atendidos pela igreja Católica, muitos lideres eclesiásticos
entenderam ser necessário materializar a liturgia. Surgiu a idolatria. A veneração de
anjos, santos, relíquia, imagens e estátuas foi uma conseqüência lógica deste
procedimento. Os pagãos, acostumados à veneração de seus heróis, quando
vinham para a igreja católica, pareceu-lhes natural substituir os seus heróis pelos
santos e lhes dar um status de semi-divindade. Não tardou e em 590 já veneravam
até relíquias, cadáveres, dentes, cabelos ou ossos dos considerados “santos”.
Ações de graças ou procissões de penitencia tornaram-se parte do culto a partir de
313. A oficialização do batismo infantil foi feita a partir de 370. Em 471 foi
promulgado o dogma de que Maria é mãe de Deus. Assim, por volta de 590 se
desenvolveu rapidamente sua veneração. A doutrina da Imaculada Conceição só
apareceu em 1854, e de sua miraculosa assunção em 1950.
A cada ano que passa estas igrejas tornam-se cada vez mais longe das escrituras.
Apesar de existir muita gente boa em suas fileiras é impossível alguém que cumpra
certo suas doutrinas chegar ao céu. Não se pode servir a dois senhores.
A ORIGEM DAS IGREJAS PROTESTANTES
No século XVI, por volta de 1500, a igreja Católica Romana passou por uma crise
interna que resultou na dissidência de quase metade de seus fiéis.
Essa dissidência foi chamada de “Reforma Protestante”. Foi dessa reforma que
surgiram as Igrejas Luterana, Presbiteriana, Anglicana e a Reformada da Holanda.
Todas essas igrejas foram reformadas por padres ou com a ajuda de padres.
Os mesmos já não agüentavam tanta heresia e opressão que vinha do Catolicismo
Romano. Certos absurdos como mariolatria, purgatório, adoração de santos e
imagens e as indulgencias, eram erros tão graves, que mesmo um católico bem
informado não pode suportar.
A ORIGEM DA IGREJA LUTERANA
A primeira igreja protestante a surgir foi a Igreja Luterana. Esta igreja leva o nome e
as características de seu fundador, Martinho Lutero. Lutero era um homem muito
inteligente, porém agressivo. Não concordava com a venda de indulgencias e outras
heresias da igreja de Roma. Contudo nunca quis abandoná-la.
Sua vontade era reformá-la.
Em 1512 Lutero começou a pregar contra a salvação pelas obras.
Fez muitas conferencias confirmando que o justo iria viver da fé. E nisso ele tinha
razão. Em vários sermões ele condenou a prática da venda da indulgencia.
Em 31 de Outubro de 1517 ouviram-se fortes marteladas na porta da Igreja de
Wittenberg. Era Lutero condenando o Papa Leão X e seus legados numa bula de 95
teses. Entre estas teses, algumas eram especialmente desafiadoras:
“Os pregadores de indulgencias erram quando declaram que o perdão do Papa livra
o pecador da penitencia e assegura-lhe perdão”.
“Os que se julgam seguros da salvação pelas cartas do Papa, serão amaldiçoados
eternamente, e na companhia de seus mestres. “Por que o Papa não esvazia o
purgatório pelo amor?”
Devido a essa bula Lutero foi excomungado pelo Papa em 1519. Mas, apoiado pelos
imperadores regionais e pelo povo de muitas cidades alemãs, Lutero levou a afinco
suas idéias. Ao meio de muita confusão e guerras ele conseguiu reformar a igreja
católica na Alemanha em 1521. Essa igreja foi chamada de Luterana.
Seus seguidores foram chamados de luteranos. Na Alemanha e em alguns outros
países do norte europeu ela se tornou a religião oficial do pais. A maioria das igrejas
católicas que existiam nesses países - contanto os fiéis, prédios e padres –
simplesmente se tornaram luteranos. Geralmente as freiras se casaram com expadres.
O termo missa foi conservado. As formas liturgicas de dirigir o a missa
quase não mudou. O batismo infantil era uma lei que devia ser cumprida.
A hierarquia continuava a mesma, sendo o primeiro chefe da igreja Luterana o
próprio Lutero.
A igreja luterana matou e perseguiu os batistas na Alemanha e em todos os países
que ela se tornou a igreja oficial do país. No ano de 1525 Lutero ordenou a morte de
mais de cem mil anabatistas no sul da Alemanha. Seu ódio aos batistas estava
fundamentado no fato que estes, por obedecerem a Bíblia, nunca o aceitou como
um servo de Deus.
A ORIGEM DA IGREJA ANGLICANA
Em 1531, o rei da Inglaterra, Henrique VIII, queria se divorciar de sua esposa para
se casar com outra mulher. O Papa não autorizou o feito. Essa recusa aborreceu o
rei, e então ele, que chegou a ser inimigo da reforma proclamada de Lutero,
reformou a Igreja Católica na Inglaterra. Essa nova Igreja foi chamada de Anglicana
(ou Episcopal). No princípio a única coisa que diferia da Igreja Católica era o fato de
não ter papa. Depois, com o passar do tempo, os anglicanos adotaram muitos
princípios de Calvino.
Assim como os luteranos e os presbiterianos ela usa o erro do batismo infantil.
Também possui uma hierarquia quase igual a do catolicismo. Devido as conquistas
da Inglaterra sobre muitos países, essa igreja foi muito favorecida.
Está representada em quase todos os países do mundo e é muito forte onde a
Inglaterra mantém o seu controle. A igreja Anglicana tem muitas filhas.
A mais conhecida em nosso país é a Igreja Metodista.
A Igreja Anglicana tornou-se tão intolerante para com os batistas como foi o
catolicismo. No Pais de Gales havia um grande número de batistas e por causa da
perseguição quase todos tiveram que fugir para a América. A perseguição dos
anglicanos aos batistas durou até o ano de 1688. Grandes pastores como Tomas
Hellys e John Bunyan fizeram história devido a perseguição que o anglicanismo lhes
moveu.
A ORIGEM DA IGREJA PRESBITERIANA
A Igreja Presbiteriana foi fundado por João Calvino. Ele foi um grande teólogo no
sentido teórico, porém, um péssimo executor no sentido prático. Assim como Lutero
ele buscava uma reforma dentro da Católica.
Não conseguindo acabou se rebelando, e, em 1541 formou uma igreja na cidade de
Genebra, Suíça. Essa igreja no princípio não tinha um nome definido, mas João
Knox, um grande seguidor das idéias de Calvino, chamou-a de PRESBITERIANA.
Nesta cidade Genebra Calvino impôs as suas ordenanças eclesiásticas.
Eram leis extremamente rígidas e severas. Ali o evangelho não era pregado mas
ordenado aos cidadãos. Proibiu as diversões, as festas, os enfeites e as críticas ao
seu governo. Aqueles que eram considerados infratores recebiam duros castigos,
inclusive a morte na fogueira. Agindo dessa forma ele queimou feiticeiros,
humanistas e batistas. Sua cidade era tão santa que na hora de casar ele não quis
uma membra de sua igreja. Casou-se com a viuva de um pastor anabatista.
Como foi dito sua teologia era apenas teórica. Calvino teve verdadeiro ódio pelos
batistas, pois os mesmos não aceitarem sua igreja como sendo uma igreja
biblicamente correta. Os batistas viam na igreja Presbiteriana alguns erros que não
podiam ser deixados de lado. O primeiro era o batismo infantil.
O Segundo foi consistia dela ter se tornado uma religião do Estado.
O terceiro foi a formação de uma hierarquia esquematizada em presbitérios.
A Igreja Presbiteriana é a religião Oficial da Escócia e está bem organizada em
muitos países do mundo inteiro. Hoje ela divide-se principalmente em Igrejas
Nacionais (Ex. P. do Brasil) as Independentes, e as Renovadas.
A ORIGEM DA IGREJA METODISTA
Muito próximo do século XVIII nasceram três meninos na Inglaterra. Eram eles: John
Wesley, Carlos Wesley e George Whittfield. Estes três se tornaram pais e
fundadores de um movimento que mais tarde foi conhecido como metodismo.
John Wesley se tornou pastor anglicano em 1728. Apesar disso só aceitou Jesus em
1538, ou seja, dez anos após a sua conversão. Em 1739 ele foi ser capelão nos
EUA. Na viagem de navio, como uma tempestade lhes sobreveio, teve medo de
morrer. Acabou notando que tinha no navio um grupo de pessoas que não temiam a
morte. Esse grupo cantava e orava alegremente no momento da tempestade.
Essas pessoas eram os Irmãos Morávios (os mesmos que receberam a influencia
dos paulicianos no século XII). John aprendeu muito com esse grupo e,
provavelmente, foi por eles batizado. Neste mesmo ano John encontrou-se com
George Whitfield. George convidou-o para participar de uma pregação ao ar livre.
Carlos também se juntou ao grupo. Assim os três iniciaram um reavivamento na
igreja Anglicana. John Wesley nunca rompeu com a igreja da Inglaterra. Ele não
queria formar uma nova religião. Contra sua vontade, no ano de 1784, formou-se a
Igreja Metodista na cidade de Baltmore, nos EUA.
Os metodistas nunca perseguiram os batistas.
Na verdade o seu começo está ligado a pessoas que realmente tiveram uma
transformação em suas vidas. O erro desta igreja é que conservaram o sistema
Episcopal da Igreja Anglicana e o costume de batizar crianças.
A ORIGEM DA IGREJA ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA
A Igreja adventista tem duas origens distintas. A primeira está ligada ao nome
ADVENTISTA. Não era para ser uma nova igreja, mas era uma crença na segunda
vinda de Cristo pregada pelo pastor Guilherme Miller.
A segunda está ligada ao nome Sétimo Dia, totalmente contrária a fé de Miller e
implantado por uma mulher chamada Ellen G. White.
A crença do adventismo foi iniciada em 1818, por Guilherme Miller, um fazendeiro
americano. Sua família foi toda batista. Havia entre seus primos alguns que eram
pastores batistas. Mesmo assim desviou-se em 1810, e só regressou depois de ter
servido o exercito em 1814. Ao aceitar Jesus mergulhou ele num profundo exame da
Bíblia. Atraíram-no particularmente as passagens de Daniel e do Apocalipse,
levando-o a investigar a data mais provável do fim do mundo.
Já em 1818, fixara Miller a data do fim do mundo (ou advento, de onde vem o nome
adventistas), para o ano de 1843. Diz ter ouvido uma voz interior que lhe insistiu:
“Vá e di-lo ao mundo”. Desde então, ajudado por muitas igrejas batistas, metodistas
e congregacionais, proclamava o ADVENTO. Pregou o advento durante dez anos
por toda a costa oriental dos EUA. Muitos de seus ouvintes começaram a pregar
também. Assim o advento se espalhou como uma febre epidêmica.
Pessoas houve que começaram a preparar o vestuário para o dia da ascensão.
Passando o ano de 1843 sem o fim do mundo, o profeta Miller marcou-o para o dia
21 de Março de 1844. Neste dia, milhares de pessoas, vestidas de branco,
passaram a noite toda esperando Jesus. Foram decepcionados. Miller descobriu que
estava errado. Voltou a sua congregação e pediu desculpas por tão grave erro.
Até voltou a ser um pastor batista. Infelizmente o mesmo não se deu com alguns de
seus seguidores, que a partir de 1844, formaram o movimento do ADVENTISMO.
De 1844 a 1860, os seguidores de Miller, sendo uma boa porcentagem deles
batistas excluídos, foram conhecidos apenas como adventistas. Continuaram na
insistência por datas. Quase uma por ano até o ano de 1877. Entre os fiéis
seguidores de Miller estava a senhora Ellen G. White, que, depois de ver
fracassadas outras tentativas de marcação de datas, afirmou ter tido visões dos
céus que lhe revelara toda a verdade. Afirmava ela que o santuário de Daniel 8,13-
14, está no céu e não na terra. Cristo teria vindo em 22 de Outubro de 1844 a esse
santuário celestial. A próxima visão de Ellen foi sobre a guarda do sábado, de onde
surgiu o complemento do nome Adventista do Sétimo Dia. Diz a Sra. White que teve
uma visão havia onde uma arca no céu e nela estavam escritos os dez
mandamentos. Dos mandamentos se destacava o quarto, porque se apresentava
dentro de um circulo de luz. Entendeu ela que esse mandamento precisava receber
maior atenção que os outros. Sua mensagem foi aceita pelos membros do
adventismo e foi assim que surgiu a Igreja Adventista do Sétimo Dia.
A ORIGEM DOS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
Esta seita foi formada por um homem que sentia verdadeiro ódio pelas comunidades
cristãs. Seu nome era Charles Taze Russel, nascido na Pensilvania em 1852.
De origem presbiteriana, passou pela igreja Congregacional e se tornou membro da
nova seita, a dos adventistas do sétimo dia. Durante muito tempo foi um verdadeiro
fã do adventismo. Tomando o seu próprio caminho, começou a fazer estudos
bíblicos semanais com um grupo composto inclusive de pessoas de outras igrejas
evangélicas.
Não demorou muito, lançou sua própria profecia, em nítida semelhança ao fundador
do adventismo: “A segunda vinda de Cristo se daria em 1914”.
Logo começou a discordar de muitos pontos doutrinários dos adventistas e, em
1872, reunindo alguns simpatizantes de suas idéias, começou a organizar o
movimento que hoje é conhecido como “Testemunhas de Jeová”. Antes desse nome
tiveram muitos outros. Somente entre os anos de 1817 a 1826, mudaram suas
doutrinas nada menos que 148 vezes. Nem que Jesus é Deus. Dizem que o Espirito
Santo não é uma pessoa inteligente. Jesus era o arcanjo Miguel. Não existe inferno,
além muitas outras heresias que só eles mesmos para acreditar. Pior. Como tudo
que é errado tendem a crescer cada vez mais.
OS PENTECOSTAIS
As primeiras manifestações pentecostais podem remontar até ao século XVIII,
quando o metodismo foi implantado. Wesley, ao comentar algumas pessoas que
entraram em êxtase em um de seus cultos comentou: “Essas manifestações podem
ou não ser verdadeiras”.
A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO
O primeiro grupo de pentecostais conseguiram sua membresia das igrejas Holiness
Weslyanas - um grupo de metodistas - e, em muitos casos, dos grupos renovados
onde elas começaram (batistas, metodistas, presbiterianas). O primeiro grupo
enfatizava o falar em línguas estranhas como evidencia do Batismo no Espirito
Santo. Em termos de data, foi provavelmente a abertura do Bethel Bible College em
Topeka, Kansas, dirigido por Charles Parhan, em outubro de 1900.
Em primeiro de Janeiro de 1901 os alunos deste colégio estavam estudando a obra
do Espirito Santo, e uma das alunas, Agnes Osman, pediu aos seus colegas que lhe
impusessem as mãos para que ela recebesse o Espirito. Ela falou em línguas, e
mais tarde, outros estudantes falaram em línguas também.
Parhan abriu outra escola em 1905, na cidade de Houston, Texas. Foi de lá que
William J. Seimor, um aluno negro, ao receber o mesmo dom, tornou-se mais tarde o
líder de uma missão no numero 312 da Rua Azusa em Los Angeles, no ano de
1906. Falar em línguas se tornou comum nessa missão. Pessoas que vinham visitála
tiveram experiências similares e levaram a mensagem para outros países. Podese
dizer que a Missão da rua Azusa é a mãe do pentecostalismo mundial.
Essa missão chamava-se “MISSÃO APOSTOLICA DA FÉ”. Este nome durou até
1914 quando foi mudado para “ASSEMBLÉIA DE DEUS”.
Muitos jovens pregadores e aspirantes a pregadores iam ter com William J. Seimor
para receber os dons. Foi assim que Gunnar Vingren e Daniel Berg, os fundadores
da Assembléia de Deus no Brasil, tornaram-se pentecostais em 1908,
Em 1907, um pastor chamado William H. Durhan, recebeu de Seimor os dons.
Durhan abriu sua própria missão também em Los Angeles. Ficava na North Ave,
943. Foi nesta missão que Louis Francescon, futuro fundador da Cristã do Brasil,
recebeu os seus dons.
OS PENTECOSTAIS NO BRASIL
O pentecostalismo no Brasil se divide em três grupos distintos que surgiram em três
épocas diferentes. São eles: Os pentecostais históricos que surgiram na primeira
década deste século (Assembléia e Cristã).
Os pentecostais da segunda Geração, surgidos a partir da década de 50
(Quadrangular, Brasil para Cristo, Casa da Benção, Deus e Amor); e os
neopentecostais, surgidos a partir da década de setenta sendo a principal a
Universal do Reino de Deus.
A ORIGEM DA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL
A Congregação Cristã foi a primeira igreja pentecostal a se instalar no Brasil.
Foi fundada no Brasil pelo missionário Louis Francescon, um italiano nascido em
Cavasso Novo, Udine. Veio para os EUA em 1890. Lá se tornou presbiteriano em
1891. Nessa igreja chegou a ser diácono e, na ausência do pastor, causou distúrbios
a fé presbiteriana, indo-se batizar por imersão juntamente com outros 18 membros.
Um irmão de sua igreja batizou-os em 1903, mesmo não sendo ordenado para o ato.
Em 1907 recebeu os dons na Igreja de William H. Durhan. Nesta mesma igreja foilhe
revelado que deveria pregar a colônia italiana, o que fez com presteza.
Francescon visitou a Argentina em Setembro de 1909 e em Janeiro de 1910.
Chegou ao Brasil em Março de 1910 na cidade de São Paulo. Através de um contato
direto foi parar em Santo Antônio da Platina, Paraná, onde organizou sua primeira
igreja no Brasil com colonos italianos. Foram onze ao todo. O crescimento desta
igreja foi tímido até o meado dos anos 50. A partir desta data cresce
expressivamente. No Sul e Sudeste do pais, muitas igrejas do interior que
professavam a fé presbiteriana foram alvos de renovação por parte dos adeptos da
Congregação. Interessante é notar o dom de línguas que possuía. Em seu diário ele
diz que por suas mãos muitas pessoas conseguiram estes dons. Mas acaba
entrando em contradição na página 23 do mesmo. Lá ele diz: “Outra dificuldade que
encontrei foi não conhecer uma palavra do idioma portuguesa se achar sem dinheiro
e doente”. E o dom de línguas que possuía, servia para que?
A ORIGEM DA ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL
Em 19 de Novembro de 19l0 chegaram ao Brasil dois pastores. O primeiro era
Gunnar Vingren, um ex-pastor batista que fora excluído do ministério pela Igreja
Batista de Michigan. O segundo era Daniel Berg que também fora excluído da
comunhão batista. Depois de receberem os dons de William Seimor, e para atender
a um sonho de um irmão chamado Adolf Uldin, vieram para o Brasil.
Chegando em Belém de Pará se apresentaram a Eurico Nelson, um missionário
batista no Amazonas. Identificando-se como batistas, ofereceram-se para ajudar no
trabalho e pediram hospedagem. Como não tinham carta de recomendação, e nem
podia ter pois eram excluídos, o missionário deixou-os usar o porão da igreja como
casa.
Logo depois Eurico Nelson precisou viajar para o sul. Essa viagem deu oportunidade
para que os dois recém chegados pedissem ingresso na igreja, declarando-se
membros deuma igreja nos Estados Unidos. Vingren declarou sua condição de
pastor e a igreja recebeu-os com alegria. Como não sabiam falar português e nem
os membros inglês - com exceção de um - tudo ficou muito fácil. Nota-se uma certa
desonestidade em como eles conseguiram a entrada na igreja. Primeiro que não
falaram que eram membros excluídos. Depois porque não esperaram a volta do
pastor titular que, naquele tempo, tinha que fazer a viagem de Belém de Pará ao Sul
de Navio, e levaria meses para voltar.
Os dois foram mais desonestos ainda quando começaram a fazer cultos no porão da
igreja. Só alguns membros eram convidados e as reuniões começavam após o
término dos cultos regulares da igreja. Nessas reuniões havia estranhas línguas e
estranhos ruídos. Alguns membros da igreja começaram a adotar as idéias dos
falsos irmãos. Aumentando o número e chegando ao ponto de haver manifestações
pentecostais numa reunião de oração da igreja, o evangelista Raimundo Nobre
convocou, com o apoio da maioria dos diáconos, uma sessão extraordinária, e os
adeptos de Vingren e Berg foram excluídos. Ao todo foram treze pessoas excluídas.
(dezenove segundo o MP 06-96). No meio deles estava o moderador da Igreja,
substituto direto de Eurico Nelson, José Plácito da Costa, homem culto e o provável
tradutor das mensagens pentecostais nas reuniões do porão. A igreja contava com
170 membros, assim, é estranho que o historiador pentecostal, Emilio Conde, diga
que a minoria excluiu a maioria.
Vingren e Berg não pararam por aí. Continuaram a fazer o trabalho de proselitismo
dentro das igrejas batistas. Percorreram o Brasil inteiro na busca de novas
renovações. Pode-se dizer que em muitos casos foram bem sucedidos.
O próprio Vingren afirma em seu diário que: “Por onde íamos, buscávamos nas
igrejas e nas casas dos batistas infundirem o novo batismo”. Este novo batismo
constituía de doar aos crentes já convertidos o dom de línguas.
Nisso Vingren também entra em contradição na questão dos dons de língua.
Ele considerava-se o doador do dons de línguas a muitos crentes. Pois bem. Na
página 34 de seu diário ele relata: “Agora com esforço começamos a estudar a
língua, e durante esse tempo participamos dos cultos da igreja Batista. Por não
termos dinheiro para pagar as aulas, Daniel teve de conseguir um emprego na
fundição. Ali ele trabalhava de dia, enquanto eu estudava o idioma. Depois eu lhe
ensinava de noite o que aprendera de dia.
Assim, com esforço aprendemos o português.” Esse foi o mesmo erro de
Fancescon. Que dom era esse que não foi usado para o fim que a Bíblia deixou,
pois, em Atos 2, diz que as línguas faladas pelos apóstolos coincidia com a
necessidade de cada ouvinte; Romano ouvia em Latim. Grego em grego.
E nenhum dos apóstolos tiveram que entrar na escola para aprender idioma
nenhum. Em 1911 os dois fundaram a Missão de Fé Apostólica que posteriormente
mudou-se de nome para Assembléia de Deus. Cresceram muito após a década de
50 e são hoje o maior grupo de pentecostais no Brasil chegando a mais de três
milhões de adeptos.
A ORIGEM DOS PENTECOSTAIS DA SEGUNDA GERAÇÃO
A partir de 1950 multiplicou-se o número de denominações pentecostais. Esse fato
deve-se principalmente pelas incentivadas cruzadas nacionais de evangelização que
percorreu todo o país. Usavam-se tendas como templos improvisado e grandes
anúncios nas rádios da época. Esse período é conhecido como a segunda geração
de pentecostais.
Foi assim que nasceu a IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR. Ela foi
fundada no Brasil pelo missionário americano Harold Williams em 1953 na cidade de
São Paulo. Foi a inovadora em alguns pontos cruciais do pentecostalismo. Não eram
tão intransigentes no uso da roupa e do cabelo como os assembleianos e os cristãs.
Seus cultos eram ainda mais desorganizados que o de seus antecessores.
Deixando a recomendação de Paulo em I Tm 2,8-13, atropelaram as escrituras e
ordenam mulheres para o ministério, dando a estas o titulo de pastoras.
Seus templos estão situados principalmente no Sul e Sudeste do país.
A febre do pentecostalismo estava a toda nessa época. Em 1956 o ex-pastor
assembleiano e depois quadrangular, Manuel de Melo, iniciou uma divisão nestas
duas igrejas. Dessa divisão surgiu a IGREJA O BRASIL PARA CRISTO. Esta igreja
foi um pouco mais rígida que a quadrangular e um pouco menos exigente que a
Assembléia. Seu crescimento foi espantoso. Na época áurea de Manuel de Melo ele
chegou a ordenar mais de trezentos pastores num só dia (a maioria ex-presbíteros
da Assembléia de Deus). Chegaram a ter o maior templo protestante no Brasil na
cidade de São Paulo. Seus programas de rádio eram largamente ouvidos em todo o
país. Chegaram a ter mais de um milhão de membros. Na ultima pesquisa feita o
número foi de 197.000. Com a morte do missionário o trabalho deixou de ter o
crescimento expressivo que marcou o seu início. Tem perdido muitos membros para
as divisões das assembléias e para os neopentecostais.
As igrejas pentecostais continuaram a rachar. Em 1960 surgiu a IGREJA NOVA
VIDA no Rio de Janeiro. O missionário David Martins Miranda, que tem origem
assembleiana, deixou-a e fundou a IGREJA DEUS É AMOR em 1962. Esta igreja
ainda está em ascensão. Cresce muito entre a população mais carente do país.
O fato de seu fundador e líder ainda estar vivo ajuda muito a sua propagação. Seus
programas de rádio tem grande audiência na camada mais pobre, e principalmente,
nos morados da zona rural. Muito parelha a esta igreja em doutrinas e costumes a
IGREJA SÓ O SENHOR É DEUS, que tem como fundador o missionário Miranda
Leal ( Que dizem ser primo de Davi Miranda). Esta igreja que tem a sua sede em
Maringá, no Paraná, e seus templos, quando construídos por Miranda Leal, tem a
forma de uma Arca, como a de Noé. Em 1964 surge A CASA DA BENÇÃO, fundada
pelo missionário Doriel de Oliveira. É quase inexpressiva nas cidade de pequeno
porte, mas é bem representada nos grandes centros. Esta igreja até hoje costuma
usar tendas improvisadas como templos para iniciar seus trabalhos.
OS NEOPENTECOSTAIS
Neopentecostalismo é o nome que se dá aos pentecostais da terceira geração.
São assim chamados porque diferem muito dos pentecostais históricos e dos da
segunda geração. Realmente é um novo pentecostalismo. Não se apegam a
questão de roupas, de televisão, de costumes, e tem um jeito diferente de falar
sobre Deus. Dualizam o mudo espiritual dividindo-o entre Deus e o Diabo. Para eles
o mundo está completamente tomado por demônios, e é sua função expulsá-los.
Pregam a prosperidade como meio de vida. Pobreza é coisa de Satanás.
Doença só existe em quem não acredita em Deus e sua origem é o demônio. Seus
cultos são sempre emotivos objetivando uma libertação do mundo satânico.
Em muitos pontos pode-se dizer que suas doutrinas são bem parecidas com as
doutrinas das religiões orientais, tais como Seicho-No-E, induísmo e budismo.
Para eles o crente não pode sentir dor, ser pobre ou estar fraco.
Este movimento começou no início da década de setenta. Seu crescimento deve-se
muito aos programas de rádio e televisão, nos quais, devido ao anuncio de curas e
milagres, tiveram uma grande audiência. Seus ouvintes e telespectadores
geralmente são recrutados para dentro de suas igrejas. O sistema de testemunho é
forte, e isso certamente encoraja outros a tomar o mesmo caminho.
No Brasil a maior igreja neopentecostal é a UNIVERSAL DO REINO DE DEUS
(IURD). Já conta com mais de dois mil templos em todo o Brasil e é a terceira maior
igreja evangélica do país, ficando atras apenas da Assembléia e da Cristã. Fundada
em 1977 pelo bispo Edir Macedo, tem procurado estabelecer um sistema episcopal
como o católico. Possui um forte esquema de comunicação, que é sem dúvida o
fator de peso na divulgação e crescimento de seus trabalhos.
Depois da Universal a maior igreja neopentecostal no Brasil é a IGREJA
INTERNACIONAL DA GRAÇA. Esta igreja foi fundada em 1980 pelo missionário
R.R. Soares no Rio de Janeiro. Na intenção de imitar o trabalho de Kenneth Hagen
(um dos maiores apresentadores de igrejas televisionadas dos EUA), Soares investe
muito na apresentação de seus programas. Outra Igreja forte no ramo
neopentecostal é a RENASCER EM CRISTO, que trabalha principalmente com a
camada alta da sociedade. Há pouco tempo quase comprou uma rede de Televisão.
A tendência é crescer. Seu fundador se auto declarou “apóstolo”.
AS DIVISÕES DO PENTECOSTALISMO
O pentecostalismo é um mal. Primeiro por que causa divisão. Segundo porque
causa confusão. Só no Brasil são mais de duas mil denominações registradas em
cartório como autenticas pentecostais. Por exemplo: A Assembléia nasceu em 1910.
Só que hoje existe diversas Assembléias e todas nascidas de um racha dentro de
outra Assembléia. A cristã é uma renovação da igreja presbiteriana.
Mas hoje já existe a Cristã Renovada. Esse tipo de comportamento só serve para
causar confusão. O método de aceitar membros de qualquer outra igreja, sem saber
qual era sua vida na sua igreja de origem, faz com que prevaleça a desordem e a
descrença denominacional.
Os pentecostais alegam que o aparecimento do Espirito Santo dentro das igrejas
surgiu como resposta de Deus ao modernismo teológico (MP pg 04, 06-96).
Quer dizer que o Espirito Santo tinha sumido das igrejas por quase dois mil anos?
Poucos sabem, quando afirmam uma coisa dessas, que quando os pentecostais
estavam renovando os trabalhos batistas no começo do século, estes mesmo
“crentes frios”, estavam dando suas vidas em campos missionários de todo o
mundo. Antes de dividir as igrejas de Jesus seria bom que lessem Provérbios 6,19.
OS BATISTAS RENOVADOS
A renovação das Igrejas Batistas no Brasil como denominação começou no ano de
1958. Desde esta data até o ano de 1965, quando realmente houve a divisão, muitas
reuniões foram feitas no intuito de evitar o racha nas igrejas batistas de todo Brasil.
O iniciador do movimento divisório nas igrejas batistas do Brasil foi um pastor da
Igreja Batista de Vitória da Conquista chamado José Rego do Nascimento.
Era um grande orador e logo conseguiu fazer fileiras e conquistar algumas pessoas
de nome para o seu movimento. Foi o caso do pastor Enéias Tognini, pastor da
Igreja Batista de Perdizes. Essa união de forças levou o caso a ser analisado várias
vezes. Houve muitas reuniões de um comitê organizado para este fim, formado por
11 membros, buscando uma solução conciliadora para a questão pentecostal dentro
das igrejas batistas. A decisão estabeleceu que:
“A atuação do Espirito Santo na vida dos crentes, se faz através de um processo
chamado santificação progressiva; que manifestações emotivas, por mais sinceras
que sejam, não podem ser apresentadas como um padrão a ser seguido por todos;
que a ênfase dada a doutrina do batismo no Espirito Santo tem causado reuniões
barulhentas, carregadas de emocionalismo e provocado manifestações de orgulho
espiritual, bem como proselitismo de crentes que não adotam tais idéias.”
Isso aconteceu em 1963.
Em 1965, ao realizar-se a Convenção em Niterói, com 3.035 mensageiros, as
preocupações maiores era a grande Campanha de Evangelização marcada para o
mesmo ano. No plenário mais uma vez surgiu o problema da renovação.
O presidente vendo que isso atrapalharia a campanha pediu que a questão fosse
resolvida no ano seguinte. Porém a intransigência dos reavivalistas foi tanta, que
precisou ser resolvida naquela convenção. Decidiu-se então pela exclusão da
comunhão as igrejas renovadas. Só naquele ano mais de trezentas igrejas se
rebelaram e tiveram que ser excluídas. Juntas formaram uma convenção a qual
denominaram CONVENÇÃO BATISTA NACIONAL. Assim, pela primeira vez, houve
uma divisão entre os batistas brasileiros como um grupo.
OS CARISMÁTICOS
O movimento pentecostal iniciado em 1900 por Parhan conseguiu invadir todas as
denominações antigas (batistas, presbiterianas, metodistas, etc.). Até então falar em
línguas era para os pregadores pentecostais uma resposta de Deus condenando as
denominações tradicionais. Todos os grupos renovados que saiam de suas igrejas
originais condenavam os que não aceitavam o pentecostalismo.
De repente o mundo pentecostal teve uma surpresa. Essa surpresa foi a chegada
dos pentecostais católicos, ou CARISMÁTICOS.
No início de 1960 explodiu a mania carismática nas antigas denominações
Episcopais da Califórnia. Seu líder principal foi Dennis Bennet de Van Nuys. Um
discípulo dele, Jean Stone, espalhou o seu ensino através da revista Trinity entre os
anos de 1961-66. Por esse mesmo período Larry Christensen liderou o avivamento
carismático entre as igrejas luteranas nos E.U.A .
Em 1967 foi a vez da Igreja Católica Romana formar seu grupo de carismáticos.
Tudo começou num retiro de Universitários na Universidade de Duquesne,
Pittsbush. Houve muitos que falaram em línguas naquele retiro. O primeiro grande
líder dos carismáticos Católicos parece ter sido Ralph Keifer. Em fevereiro de 1967
ele levou a mensagem carismática para a Universidade de Notre Dame, e muitos
alunos e professores falaram em línguas.
De princípio tanto os pastores pentecostais, como padres católicos, condenaram o
mais novo movimento pentecostal. Na verdade os padres até tinham uma certa
razão, pois, era um ensino totalmente contrário as doutrinas do Vaticano. Já os
pastores pentecostais condenavam mais por ciúme, afinal, a grande vantagem de
falar em línguas, que foi a bandeira dos pentecostais por mais de seis décadas,
estava agora na boca dos idólatras católicos. A diferença dos carismáticos com os
pentecostais é: Primeiro que eles se renovam e permanecem nas suas próprias
congregações, enquanto os pentecostais históricos dividiam as igrejas.
Os carismáticos usualmente pertenciam à classe média, são separatistas,
urbanizados, de tendência ecumênica e pluralistas em sua teologia.
As igrejas pentecostais clássicas eram originalmente constituídas de operários e
eram barulhentas em seus cultos. Na questão de barulho os carismáticos atuais já
alcançaram seus primos pentecostais clássicos. Os carismáticos são idólatras e os
pentecostais não. No demais são bem parecidos.
Os carismáticos católicos só conseguiram o agrado do Papa - não o aval - em 1975.
Neste ano o movimento reuniu dez mil carismáticos em Roma. Num pronunciamento
ecumênico o Papa Paulo falou simpaticamente à assembléia. Foi uma vitória ao
movimento carismático. De princípio João Paulo II não aprovou muito o movimento.
Mas atualmente ele é favorável, principalmente porque os carismáticos já se
organizaram em quase todo o mundo, e no Brasil, que é o maior país Católico do
mundo, o movimento está esparramado em quase todas as suas paróquias.
Para dizer com mais sinceridade é o movimento carismático que está conseguindo
deter o movimentos pentecostal e neopentecostal na América Latina, que aliás, é o
grande reduto católico do mundo.
A grande pergunta é: Estavam certos os pentecostais de condenar o movimento
tradicional? Que dizer de uma pessoa que acredita em purgatório, santos e imagens,
cultos aos mortos, adoração de Maria, entre outras barbaridades, falar em línguas
também? É preciso ter muito cuidado quando falamos desse assunto. Mais uma
coisa é certa. O pentecostalismo só causou divisão nas igrejas. No princípio quando
as igrejas são rachadas sempre fica a mágoa e a rixa dos grupos divididos.
E isso eu posso afirmar com certeza, que tudo que divide o corpo de Cristo não é do
agrado de Deus.
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