Jaboque! O Lugar da Submissão Absoluta Por David Wilkerson
Jaboque é o lugar onde Jacó lutou com o Senhor. É onde ele fez sua rendição total a Deus. É onde recebeu um novo caráter, e um novo nome: Israel. É onde deitou abaixo seu último ídolo, e teve sua maior vitória.
"Levantou-se naquela mesma noite...e transpôs o vau de Jaboque" (Gênesis 32:22).
Jaboque quer dizer: "lugar da travessia". Também representa luta; esvaziar e transbordar. Que tremenda verdade é revelada nesse local chamado Jaboque. Tem tudo a ver conosco nos dias de hoje. É o lugar onde o povo de Deus descobre o segredo do poder contra todo pecado que assedia. Representa uma crise de vida ou morte - uma crise que leva à rendição absoluta.
Não pode haver vitória gloriosa sobre o ego e o pecado enquanto você não for a Jaboque. Chega uma hora em que precisamos "resolver as coisas com Deus". Temos de enfrentar a nós mesmos, e nos esvaziar de todos maus desejos e ambição própria.
No passado, os crentes aprenderam que há duas travessias na vida do cristão: o mar Vermelho e o rio Jordão. A travessia do mar Vermelho representa sair do mundo. Fala de um novo começo. Simboliza "ser salvo". Muitos do povo de Deus saem do Egito, mas nunca entram na Terra Prometida. Ficam presos no deserto da incredulidade, do medo, da confusão. Deixam o mundo, mas nunca entram na alegria do Senhor.
Uma outra travessia é exigida - o Jordão! O Jordão representa um compromisso de se manter com o Senhor. Batismo nas águas! Leitura da Bíblia! Testemunho! Desejo de crescer em Cristo! É um passar para uma vida de louvor. Para muitos, a Terra Prometida representa a plenitude do Espírito Santo. Um batismo no, e com, o Espírito Santo.
Não é só isso? Uma Terra Prometida? Uma Canaã espiritual para os filhos de Deus? Salvos, batizados, e cheios do Espírito Santo?
Os filhos de Israel entraram na Terra Prometida. Receberam sua herança. Mas nunca entraram efetivamente no repouso que Deus desejava que entrassem! Esses filhos de Deus, tementes a Ele, dirigidos pelo Espírito, ainda tinham pecado no coração! Tinham corações presos à luxúria secreta e à idolatria.
É trágico que o mesmo seja real ainda hoje. Multidões de crentes cheios do Espírito, e dirigidos pelo Espírito - nunca conheceram o verdadeiro repouso de Deus! Sua paz é perturbada por uma consciência com problemas. Deus disse, em relação a Israel "que não puderam entrar por causa da incredulidade... Portanto, resta um repouso para o povo de Deus" (Hebreus 3:19-4:9).
É possível ser salvo, cheio do Espírito, totalmente dedicado à obra do Senhor, e ainda estar preso a um pecado secreto! É possível expulsar demônios no nome de Cristo, curar os enfermos, realizar milagres, discernir, produzir grandes obras, tudo em nome de Jesus Cristo - e ainda ser um obreiro da iniquidade amarrado ao pecado.
Só Deus sabe quantos cristãos carregam o peso do pecado secreto, ou da lascívia devastadora. Multidões jamais experimentaram vitória e livramento total de pecados que os assediam. Muitos jovens cristãos dedicados enfrentam uma batalha perdida contra o pecado habitual. Lutam contra o desejo por drogas, por álcool, sexo. Eles amam ternamente o Senhor - mas há "aquela coisa em suas vidas". Odeiam isso, mas continuam. Não querem abandonar Cristo, ou voltar para o mundo. Mas ainda há um ídolo que eles não parecem conseguir entregar.
E, sim, os homens e mulheres de Deus - incluindo ministros do Evangelho - que brigam contra um pecado que os acossa! Eles têm fome de Deus. Nem por um instante pensam em se voltar às coisas desprezíveis do mundo. Anseiam pela plenitude de Cristo. Choram por santidade! São verdadeiramente filhos do Deus Altíssimo.
Mas aquela coisa continua. Aquele tal problema. Esse pequeno ídolo! Ele os faz sofrer e os leva às lágrimas. Eles se dilaceram em culpa e condenação. Sentem-se frágeis, sem valor, confusos. Jejuam, oram, prometem - mas de repente são vencidos, e são levados como ovelhas para o matadouro.
E os cristãos, incluindo ministros que mantém casos secretos de amor? E os esposos e esposas que deixam o casamento, na esperança de achar alguém que lhes agradará mais? Muitas vezes eles mentem referindo uma situação horrível no lar - como desculpa para os casos secretos de amor. Com frequência ficam desesperadamente envolvidos com outros.
A luxúria sexual - adultério, fornicação - está varrendo a igreja nesses dias como peste negra. Não há vitória contra essa lascívia descontrolada? Será que um verdadeiro filho de Deus precisa atravessar a vida sempre escravo do pecado que o assalta? Será que não há um lugar de vitória total? Não quero dizer ficar livre da tentação, mas livre de ceder à luxúria.
Há uma terceira travessia - Jaboque!
Jaboque era um tributário do rio Jordão. Era um lugar abandonado. O nosso Jaboque tem de ser enfrentado a sós. Você pode atravessar o mar Vermelho com uma valorosa multidão de remidos que deixa o Egito. Você pode atravessar o Jordão com o vitorioso exército do Senhor em torno. Mas atravessará o Jaboque só! Sem conselheiros, amigos, ajudadores. É uma luta pessoal - só entre você e o Senhor.
"Jacó porém ficou só; e lutou com ele um varão, até que a alva subia" (Gen. 32:24).
Jaboque é onde o Jacó que existe em nós dá o último suspiro. É onde Deus trata conosco não apenas em relação ao pecado, mas em relação ao nosso próprio caráter.
Jacó era um homem com problemas, desesperado. Digamos que Deus o tenha colocado contra a parede. Ele estava voltando após vinte anos, por sua herança. Esaú, o irmão de quem havia usurpado a primogenitura, estava indo em sua direção com um exército de 400 homens.
Jacó havia amadurecido de várias maneiras. Ele agora era um pai amoroso. Era obediente ao Senhor, e seguia a ordem de Deus para voltar ao lar. Ele amava a verdade. Era um homem humilde, de oração. Ouça sua prece:
“Menor sou eu que todas as beneficências, e que toda a fidelidade que tiveste com teu servo...” (Gen. 32:10).
Mas esse servo de Deus - humilde, obediente, de oração, temente ao Senhor, amante da fidelidade - continuava em processo de conciliação! Isso quer dizer: "ceder ao perigo para evitar problema". Paz a qualquer preço inclui concessão!
Em vez de confiar em Deus na crise, ele aparou as arestas. Tentou inventar um jeito de enfrentar o problema, ou seja, tentou resolver o problema do seu jeito. Dividiu o gado em diferentes rebanhos, enviando-o á frente para abrandar o coração do irmão. Bombardeou Esaú com ondas sucessivas de presentes de cabras, camelos, touros, ovelhas, mulas e carneiros.
"Porque dizia: Eu o aplacarei..." (v. 20).
Apaziguamento! É nisso que multidões de cristãos entraram! Cedem ao perigo, porque temem não ter saída! Ouve-se isso por todo lado atualmente: "Não dá para evitar! Eu não quero fazer. Odeio o pecado. Mas apesar do meu esforço, cedo e caio!".
Então vez após outra, nós apaziguamos! Pecamos e confessamos, choramos e confessamos, tentamos descobrir uma saída. Sim, as arestas, os esquemas, as justificações, as desculpas, os planos - tudo em vão. Parecemos fracos contra necessidades e desejos devastadores.
Obediente! De oração! Buscando a fidelidade! Humilde! Amoroso! Bondoso! Temente a Deus! Mas continua aquele pontinho negro! Permanece uma resistência secreta no fundo do coração. Continua o apaziguamento, a maquinação - continua um ídolo em pé - ainda não totalmente entregue. Ainda não sob o senhorio total de Cristo.
Quero Lhe Mostrar o que Precisa Acontecer em Jaboque!
1. Em Jaboque - a Religião dá Lugar à Espiritualidade!
Uma pessoa pode ser muito religiosa, e não ser nem um pouco espiritual. Jacó havia tido uma experiência muito religiosa em Betel. Á caminho de Padã-Arã à procura de uma esposa dentre seu próprio povo, ele teve uma tremenda experiência religiosa.
"E sonhou: eis posta na terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam por ela" (Gen. 28:12).
Deus apareceu e fez um acordo com ele! Era uma promessa de bênçãos materiais -
"A terra em que agora estás deitado, eu ta darei...na tua descendência serão abençoadas..." (v. 13, 14).
Jacó grita - "Impressionante - o Senhor está neste lugar" (v. vs. 16,17).
Jacó denomina este lugar de Betel (casa de Deus), e prossegue em fazer um acordo com Deus. A parte da bênção lhe soa muito bem!
"Se Deus for comigo, e me guardar nesta jornada que empreendo, e me der pão para comer e roupa que me vista, de maneira que eu volte em paz para a casa de meu pai, então, o Senhor será o meu Deus...e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei o dízimo" (Gen. 28: 20-22).
Esse acordo soa familiar? Me abençoe, Senhor! Me faça prosperar em todos os meus caminhos! Me dê muito alimento! Vista-me bem! Cuide bem de mim. Aí então O servirei! Aí então darei o dízimo! Dê a mim, para que eu possa Lhe devolver!
Pense nisso: Deus está presente - os céus, abertos! Anjos aparecem! Deus fala! Que experiência religiosa sobrenatural! E tudo que Jacó vê aí é um acordo para terra, alimento, roupas, prosperidade, e sucesso em tudo! Foi uma experiência estritamente religiosa.
Betel é a religião popular de nossos dias. Como Jacó, nossos espíritos de cobiça interpretam as promessas de Deus de modo materialista. Chegamos ao ponto de profanar a preciosa expiação do Senhor Jesus Cristo! Gritando palavras religiosas, falamos do poder do sangue derramado de Cristo. Mas o que estamos dizendo é uma trágica má interpretação daquilo que o Seu sacrifício na verdade consumou.
Tudo o que alguns veem é o que podem tirar disso. Para eles, a expiação significa meramente saúde, riqueza, prosperidade, e libertação da maldição da pobreza. Estão cegos ao verdadeiro significado da vitória de Cristo na cruz; cegos ao Seu poder sobre o pecado! Cegos à liberdade para se sacrificar, sofrer, e servir voluntariamente para o avanço do Seu reino sobre a terra! Suportar as dificuldades, e sofrer a perda de tudo, se necessário, para ganhar uma coroa incorruptível.
O que dizer das multidões que adoram em Betel? E dos pregadores e mestres que ficam presos em Betel - reclamando as promessas de Betel?
Digo que são pessoas religiosas. Algumas podem ser muito religiosas. Como Jacó podem ter experimentado grandes revelações, podem ter visto anjos, e talvez tenham ouvido Deus. Mas em Betel - a carne ainda está no comando. É um lugar de religião - mas não de real espiritualidade. É uma revelação parcial. Vale para todas as bênçãos, enquanto ignora a luta interior íntima! É estar na presença do Senhor, sem tratar da natureza de Jacó! Isso só ocorre em Jaboque.
2. Jaboque é Um Lugar de Submissão Completa !
"Perguntou-lhe, pois: Como te chamas? Ele respondeu: Jacó" (Gen. 32:27).
Em Jaboque, Cristo nos liberta daquele pecado que nos assedia, transformando a intimidade do nosso caráter.
"Então, disse: Já não te chamarás Jacó e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste" (Gen. 32:38).
Poder de prevalecer através de um novo caráter! Prevalecer quer dizer: "conquistar supremacia, vitória, superioridade". Jacó agora sabia que estava em seu poder o obedecer, porque o Senhor aceitou seu compromisso de submissão.
O nosso Senhor não está interessado simplesmente em nossa vitória sobre certos pecados. Ele quer nos transformar em novas pessoas, com corações puros e mãos limpas. Nós precisamos de uma transformação de caráter.
Uma noite de combate contra a velha natureza! Jacó teve uma profunda mudança em seu corpo e em sua alma. Ele acertou as diferenças com o Senhor, e prevaleceu. O Senhor viu seu desespero, ouviu seu angustiante pedido - e o tocou! O Senhor propositalmente o enfraqueceu! Ele deslocou seu quadril!
Um dos maiores milagres que o Senhor pode operar a nosso favor, é aleijar nossos esforços humanos e nos tornar totalmente dependentes dEle. Você vai sair mancando de Jaboque, humilhado e aleijado - bradando: "Ó Senhor-- fiz minha rendição total. Entreguei todos os meus pecados. O meu ídolo foi esmagado. Mas não vou conseguir vitória sem ajuda sobrenatural. O Senhor me trouxe a esse ponto de obediência absoluta - agora, sustente meu compromisso de modo sobrenatural. Faça-me querer e realizar a Sua perfeita vontade".
3. Jaboque é o Lugar dos Céus Abertos
Jacó mudou o nome de Jaboque para "Peniel". Peniel significa "a face de Deus".
"Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva" (Gen. 32:30).
Jacó agora é um homem espiritual. Nada de falar de bênçãos materiais - terras, comida, roupas, sucesso. Ele havia visto Deus, e tinha sido tocado. Agora deixou de ser gado; agora é Cristo.
Os céus ainda uma vez se abriram. A escadaria reapareceu, com anjos subindo e descendo. Mas agora ele compreendia o significado mais profundo desse céu aberto. Significa acesso ao Pai! Significa conhecê-Lo. Significa sentar-se nos lugares celestiais. Alegria indizível. O brilho de Sua presença. O som de Sua voz. Agora, todos os valores espirituais.
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